segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Entrevista com o Vampiro

 

Entrevista com o Vampiro
Neste dia de hoje venho recomendar uma das minhas releituras: 𝘌𝘯𝘵𝘳𝘦𝘷𝘪𝘴𝘵𝘢 c𝘰𝘮 𝘰 𝘝𝘢𝘮𝘱𝘪𝘳𝘰 - 𝘈𝘴 𝘊𝘳ô𝘯𝘪𝘤𝘢𝘴 𝘝𝘢𝘮𝘱𝘪𝘳𝘦𝘴𝘤𝘢𝘴 da escritora americana Anne Rice.


Publicado originalmente em 1976, a história é basicamente contada por Louis de Pointe du Lac, um vampiro atormentado por sua própria existência.
Ele narra para o jovem repórter Daniel sua trajetória antes, durante e depois de ser transformado por Lestat de Lioncourt, o seu criador.
Durante sua "não-vida" como imortal, ele luta contra si próprio e com vários dilemas em relação a vida e a morte. 

O ápice maior surge com o "nascimento" de Cláudia e o aparecimento de outros vampiros como Armand, dono de um teatro que na verdade é um refúgio para outros vampiros se "esconderem" dos mortais humanos (vampiros que fingiam ser atores que fingiam ser vampiros).

Não há como negar que Anne Rice levou o mito vampiro a um nível jamais alcançado. Ela consegue descrever suas criaturas com muita paixão, magnitude e com doses profundas de sensualidade. 
Os seus conflitos internos, violência e reflexões sobre a imortalidade e religiosidade ("Deus mata indiscriminadamente, assim como nós...") são o ápice para todos aqueles que receberam o dom das trevas.

Além de Lestat, Armand e Cláudia, há outros vampiros bem interessantes na trama como Santiago e Celeste.
Porém, Louis é o protagonista que você ama e odeia tanto por sua lamúria e melancolia existencial quanto pelos assassinatos e mortes em busca de sangue.

Como diria o vampiro Armand:
"𝘓𝘰𝘶𝘪𝘴 é 𝘶𝘮 𝘷𝘢𝘮𝘱𝘪𝘳𝘰 𝘮𝘰𝘳𝘵í𝘧𝘦𝘳𝘰 𝘲𝘶𝘦 𝘫á 𝘶𝘭𝘵𝘳𝘢𝘱𝘢𝘴𝘴𝘰𝘶 𝘢 𝘣𝘶𝘴𝘤𝘢 𝘥𝘦 𝘋𝘦𝘶𝘴, 𝘥𝘰 𝘋𝘪𝘢𝘣𝘰, 𝘥𝘢 𝘝𝘦𝘳𝘥𝘢𝘥𝘦 𝘦 até 𝘥𝘰 𝘈𝘮𝘰𝘳."

terça-feira, 20 de outubro de 2020

Crônicas dos Orcs Negros - Volume II - Exílio

 

Crônicas dos Orcs Negros - Exílio

Apresentando aqui mais uma obra de fantasia nacional: As Crônicas dos Orcs Negros - Volume II - Exílio - do escritor carioca Thiago Drumond e publicando pela Editora Kimera.

Nesse livro segue a continuação da campanha militar de Blorgk, o orc que iniciou sua revolução por justiça e luta contra o preconceito entre as raças, mas dezessete anos se passaram e ele ainda não conseguiu conquistar toda a Kargeth.

Os elfos da superfície e uma cidade humana ainda resistem aos seus esforços. Seu filho Blirgd (o protagonista principal desse livro) cresceu e se tornou um guerreiro mágico, entretanto, por seguir o antigo código de honra de seu pai, é perseguido por Blorgk e acaba por ter que se exilar em outro continente.

Com a ajuda de sua amiga Garda, uma meio-orc, de outros dois companheiros e de uma loba gigante, o jovem orc negro atravessa os mares e se junta a uma nova aventura que poderá abrir caminho para a mudança da estrutura do poder de Kargeth.


Não há como negar a ótima evolução que o autor deu ao livro.
Bem superior ao primeiro volume, Exílio é bem escrito, tanto em narrativa quanto em descrições de ambiente e personagens. 

A dinâmica estrutural da história está bem elaborada e o conflito entre ideologias entre pai e filho combinou totalmente com a trama. 

Ao mesmo tempo o clima de suspense, política e conflitos sociais vão percorrendo na trama de maneira fluida e sem exageros.
As lutas e as guerras também estão lá, narradas de maneira empolgante, como se estivéssemos lado a lado com os personagens no campo de batalha. 

Sem dúvida é uma fantasia para quem gosta de uma trama diferente com proporções épicas.




"Depois que uma sede por batalha e vingança começou a assolar o espirito de Blorgk, as coisas já não eram como antigamente."

quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Ester

Ester


Ester é uma cientista que dedicou 120 dos 150 anos da sua vida à busca pela imortalidade. 
De uma hora para outra se vê sem trabalho e sem destino pelas ruas da grande São Paulo verticalizada, paralisada pela certeza de enxergar um universo paralelo. 
Como podem duas realidades diferentes ocuparem o mesmo lugar no Espaço e no Tempo?

Escrito por Fernando Rômbola e publicado como e-book pela Liber Editora, este conto possui uma história sci-fi de boa qualidade, escrita de maneira atraente para o leitor de ficção cientifica (ou não) e com um personagem de temperamento forte, inteligente; buscando explicações para suas descobertas high-tech de longevidade. 

A leitura em si é fluida e as explicações científicas em relação a tempo e espaço são plausíveis, juntando tudo isso com uma ambientação que me lembrou bastante dos filmes Blade Runner (1982) e O Vingador do Futuro (1990).

Com certeza é uma bela estréia e ficarei aqui na torcida para que venha mais histórias scifi ambientadas em terras nacionais. 



Contato com o autor:

domingo, 30 de agosto de 2020

A Chama ao Vento

A Chama ao Vento
Este quarto volume, continuação de O Cavaleiro Imperfeito, traz a vingança de Morgause e seus filhos - Mordred, especialmente - contra Arthur, Lancelot e Guenevere. O rei estabelece um sistema de justiça atraves da Inglaterra e Mordred o usa contra o proprio Arthur ao descobrir a traição de Guenevere ao flagrá-la com Lancelot. Nessa guerra desesperada de pai contra filho são apresentadas as idéias de Bem e Mal segunda a moral arturiana.



A trama toda é bem densa, trágica e quase maléfica, digna do principal protagonista desse volume: Mordred. Como todo vilão (ou não) ele dita as regras e impõe todo seu rancor e ódio contra Arthur e seus ideais. Cavaleiro da Távola Redonda, é filho bastardo do Rei Arthur e sua meia-irmã, a terrível Morgause. Foi abandonado pelo pai, com outros bebês, em um barco à deriva para ser destruído. Agora, cego pelo ódio, planeja vingar-se destruindo o que é mais caro ao Rei: sua esposa Guenevere e seu fiel amigo Lancelot. Talvez no fundo, ele não se importava em saber desse triângulo amoroso - o importante é a destruição de Camelot com alto teor de rancor e ódio, inveja e cobiça.

T. H. White continua dando uma aula de anacronismo nessa obra e dou destaque pela descrição quase melancólica sobre Mordred, digna das obras épicas e trágicas dos mitos gregos. A mistura de sentimentos como pena, indignação e até mesmo piedade, faz com que esse livro seja uma explosão de emoções que perpétua até o final do livro e só finalizará com o quinto e último volume da saga. A arte de Alan Lee ilustra magistralmente essa obra mostrando a áurea arturiana e o medievalismo de Camelot e seus cavaleiros.



"Acho que não aconteceria nada além de um rompimento. Arthur depende de Lancelot como seu comandante, e chefe de suas tropas. É daí que vem seu poder; já que todo mundo sabe que ninguém pode resistir à força bruta. Mas se pudéssemos arranjar um pequeno desentendimento entre Arthur e Lancelot, por causa da Rainha, o poder deles se dividiria. Então seria o tempo de fazer política. Então seria o tempo das pessoas descontentes e de toda a plebe. Então seria o momento da sua famosa vingança. - Poderíamos quebrá-los, pois estariam divididos, arquitetou Mordred."

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Absolutos - Sinfonia da Destruição

Absolutos - Sinfonia da Destruição
Em uma era de exploração Universal intensa, Érico é um jovem com o sonho de se tornar um Caçador de Relíquias, aventureiros que saem pelo espaço procurando tesouros antigos. Porém, ele descobre por conta das misteriosas tatuagens em seu corpo que é um Absoluto, seres que de tempos em tempos surgem no Universo e espalham o caos por onde passam. Mas quem são os Absolutos? E por que Érico é um deles?Sem escolha, o rapaz é forçado a deixar sua vida pacata na lua de Miesac, onde vive com os irmãos adotivos Vexel e Miro. Ele parte em uma jornada através do Universo em busca de um Desbravador, entidade com poderes inimagináveis capaz de apagar suas tatuagens e assim devolver as rédeas de seu Destino. Em meio a essa aventura, ele encontrará aliados e inimigos, além de mergulhar de cabeça nos segredos ocultos de sua verdadeira família.




Bom, não há como negar que essa space fantasy é muito cativante e original. A obra possui muitas influências de Battlestar Galactica e Guardiões das Galáxias, mas tudo é muito bem escrito e desenvolvido. A história flui com facilidade e mesmo aqueles que não gostam de ficção científica, a áurea fantástica está lá, representada com um enredo recheado de ação, suspense e pequenos toques de humor. 
O autor domina bem as descrições ambientais do seu universo galáctico, tanto nas variações de planetas e sistemas solares (há um mapa que eu adorei!) como também em seus personagens prá lá de cativantes. Tenho que citar a belíssima capa (feita por Vinicius Cardoso, Renato Giacomini e Edley Luís) que chama atenção não só pela beleza, mas também pela dinâmica da arte que com toda certeza, combinaria muito bem num livro físico. 


Mais uma obra nacional e obrigatória para aqueles que gostam de scifi, fantasia e em breve sairá a continuação dessa belíssima space opera. Aguardem!!
 


"Os Dançarinos do Destino. Os Sentenciadores da Escuridão. Os Amaldiçoadores da Existência. Os Inominados. Você é um Absoluto."


quinta-feira, 30 de julho de 2020

Yellow Woodpecker

Yellow WoodPecker

Do autor e professor Antônio Junior (escritor e desenhista) junto com a editora ObaBooks criou-se um projeto muito legal e interessante baseado na obra literária mais famosa de Monteiro Lobato.

 Yellow Woodpeck - Série Amazônia é uma comic book jovem/adulta que possui temas bem centrados que aborda vários assuntos como Educação, Filosofia, Ética, questões ambientais e fundiárias. 

Tudo começa com um grupo paramilitar que assume o Brasil em 2062 e que com medidas autocráticas, iniciam o confisco de terras nas regiões da Amazônia. Com o pretexto de combater uma doença contagiosa, eles dominam a população local com violência e autoridade, mas o intuito real deles é explorar as imensuráveis riquezas contidas no subsolo da região. E para combater esse governo autoritário, surge a resistência chamado Yellow Woodpeck, liderado pelo professor Bento, sua neta Lisa e seu fiel amigo Dr. Anastazia, atuando em situações que envolve suspense, terror, ficção-científica e criaturas folclóricas.

O trabalho em torno desse projeto é muito bom e conta com um visual perfeito. A hq possui uma ótima qualidade gráfica e, de maneira inteligente, o autor envolve o leitor numa história bem projetada e atual. Os traços dos desenhos são simples e nos dá aquela sensação de estarmos vendo aquelas hqs dos anos 50, tudo encaixado perfeitamente no formato em preto e branco. 


Sem dúvida, Yellow Woodpecker é uma graphic novel nacional que vale a pena ser conferida não só pela história, mas também pela ótima arte e do extremo bom gosto do material.


 Recomendadíssimo!

domingo, 12 de julho de 2020

Tristão e Isolda

Tristão e Isolda



Oriundo das lendas e contos celtas, Tristão e Isolda é um dos poemas mais trágicos e comoventes da literatura medievalista.

A história narra a aventura de Tristão, o cavaleiro originário da Cornualha (região peninsular da Grã-Bretanha) que parte para uma missão até a Irlanda em busca de uma esposa para seu tio, o rei Marcos. Em meio à disfarces, tramas e culminando numa luta com um dragão, ele conquista a confiança do rei da Irlanda e concede a mão de sua filha Isolda (também conhecida como Isolda dos Cabelos de Ouro). 
Então, Tristão leva Isolda para se casar com o seu tio, mas no caminho eles se apaixonam perdidamente (ou tragicamente) por meio de magia.  Daí em diante, o clima épico e trágico da história se misturam com uma narrativa exuberante impondo ao leitor a reflexão e a angústia mediante a esse amor proibido.

Bom, inicialmente o texto original foi reconstituído graças à comparação das versões mais antigas. A lenda teve seu caráter violento e sombrio preservado em duas adaptações (no qual eu já tive o privilégio de ler nos meus tempos de escola) do séc. XII, mas depois o relato foi suavizado. A história, incluída nas lendas arturianas, ganhou várias versões durante os séculos XIII a XIX até chegar nessa versão, digamos, definitiva.Outro ponto interessante e muito legal na história, são as citações ao Rei Arthur. Mesmo não "aparecendo" na trama, ele é sempre mencionado como o grande rei, protetor e defensor da lei e da justiça.

Com certeza, Tristão e Isolda é para aqueles que gostam de emoções fortes, recheadas de magia, traição e sofrimento.


"Ouvi e sede compassivos: não os culpes, porque, assim como a morte, o amor também é fatal..."