O Chamado de Cthulhu e Outros Contos

O Chamado de Cthulhu e Outros Contos de H. P. Lovecraft, publicado pela editora Livros Principis em 2019.

O livro traz o conto mais influente de todos os tempos da literatura de terror e horror cósmico - O Chamado de Cthulhu, escrito originalmente em 1926 e publicado pela primeira vez na revista estadunidense Weird Tales em fevereiro de 1928.

Além desse clássico, traz mais oito contos não menos importantes: Dagon, A Música de Erich Zann, O Horror de Dunwich, A Sombra Fora do Tempo, Os Ratos nas Paredes, Os Gatos de Ulthar e A Cor que Caiu do Espaço. 

A escrita de Lovecraft é assustadora e em algumas partes truncada e ora outra confusa propositalmente, mas é recheada de nictofobia e claustrofobia. É justo em dizer que, ele traz a capacidade de transmitir sentimentos obscuros do irreal em, argumentos indubitávelmente carregados de loucura mística. 

Entretanto, o ponto negativo de suas obras é o seu profundo e expressivo rac7smo e uma furiosa x3nofobia. 

Lovecraft falha miseravelmente colocando em seus contos a sua aversão aos negros e a povos orientais como árabes e judeus.

Nos dias de hoje, o universo lovecraftiano se tornou mais rico e interessante graças a diversidade que outros autores atuais tendem a colocar em suas obras. Essa liberdade artística deve ser incentivada e estimulada neste emaranhado mundo de Cthulhu e de outras criaturas abissais. 

Para mim é gratificante ver boas adaptações de Lovecraft com protagonistas negros como A Balada de Black Tom de Victor Lavalle ou da série HBO Lovecraft Country. 

Espero sinceramente que o que resta do cadáver de H. P. Lovecraft esteja se revirando de fúria no túmulo. 

Enfim, O Chamado do Cthulhu e Outros Contos vale a leitura para conhecer a gênesis do horror cósmico, ter discernimento e um olhar mais crítico a esta obra.

Vamps

Vamps

Vamps - escrito por Elaine Lee e arte de Will Simpson (Hellblazer, Batman, Game of Thrones) e publicado pelo selo DC/Vertigo - originalmente em 1994 e aqui pela Metal Pesado em 1998.

A história traz cinco vampiras que matam seu Mestre e partem em busca de liberdade e sangue novo pelas estradas dos Estados Unidos.

Sua líder, a vampira Howler fica atormentada por memórias de seu passado humano, um segredo que atrai outros vampiros em uma teia de assassinato, abusos e injustiças. 

Mas elas continuam sua viagem mesmo quando um detetive particular as segue em busca de respostas.

É uma história em quadrinhos adulta. As ilustrações são selvagens e ao mesmo tempo traz ação com doses únicas de terror e sombra.

 A escrita de Lee trata de muitas emoções, intensidade, questões de vida e morte, liberdade e violência.

Vamps traz aventura, humor sarcástico e aquela dose sexy de terror, sangue e rock'n roll.

Vamps

The Ghost In The Shell - Vol. I

The Ghost In The Shell 

Ótima leitura de The Ghost In The Shell - Vol. I - escrito e desenhado por Shirow Masamune em 1989 e publicado pela Editora JBC em 2016. 

O mangá mostra um mundo distópico cyberpunk da protagonista Major Motoko Kusanagi, uma cyborgue que está tentando desmantelar uma série de crimes cibernéticos realizado por um hacker chamado Mestre dos Fantoches. 

A história traz bastante ação tanto da protagonista quanto dos demais da sua equipe tática antiterrorista chamado Setor 6. Meu destaque vai para o sargento Batou, um personagem que mistura severidade e humor na medida certa.

O mangá também não decepciona com a beleza de seus traços. O contraste entre o colorido e preto/branco dá um realce genuinamente cyber, além de mostrar ótimas variações e tons de luz e sombra.

Há notas de referência em cada página relatando um trecho ou uma situação na cena. Eu recomendo deixá-los em segundo plano para que uma segunda ou até mesmo uma terceira leitura, você possa apreciar esses comentários com mais distinção e avalia.

Enfim, The Ghost In the Shell - volume I é totalmente necessário para os leitores de cyberpunk/sci-fi. Os fãs de Akira, BLAME! e de filmes como Blade Runner (1982) e Matrix (1999) também irão se identificar bastante com este maravilhoso mangá. 

Major Motoko Kusanagi 

A obra em si é um pequeno espelho que reflete um mundo futurista distópico tão atual e punk do que se possa imaginar. 

Batou

A Canção do Cão Negro - Contos do Cão Negro Vol. II

 

A Canção do Cão Negro 

Trazendo aqui a excelente hq A Canção do Cão Negro - Contos do Cão Negro Vol. II, com o roteiro de Cesar Alcázar e arte Fred Rubim, publicado pela Avec Editora em meados de 2017.

Um ano após derrotar o viking Ild Vuur e um monstro de proporções lovecraftianas, Aranth, o Cão Negro tem agora seu próprio navio e parte para a Islândia junto com Rorik, o gigante saxão e Allea, a guerreira. Lá eles confrontaram novamente com saqueadores, mas o resultado dessa perigosa missão trará dificuldades e consequências inimagináveis.

Bom, mantendo a continuação do primeiro volume, a hq continua impecável. O trabalho de argumentos de Alcázar consegue ter uma dinâmica textual mais abrangente e encorpada. O protagonista continua interessante, demostrando mais qualidades táticas em termos de sobrevivência, ação e ainda boas e sangrentas batalhas.

A arte de Fred Rubim continua impecável e de muito bom gosto. Seus traços combinaram muito bem com o roteiro ao modo Espada e Feitiçaria. Seu estilo a lá Mignola mostra selvageria e beleza em contornos que trazem personalidade e originalidade, características bem marcantes na hq.

Enfim, A Canção do Cão Negro é uma hq que mostra qualidade límpida tanto na fluidez dos seus textos quanto na perspectiva visual dos traços. Ou seja, um belíssimo material que irá agradar aos fãs de quadrinhos e aos leitores de literatura fantástica.

 A Canção do Cão Negro Vol. 2

A Pilgrimage of Swords

A Pilgrimage of Swords 

Leitura rápida e boa de A Pilgrimage of Swords (The Seven Swords) do autor escocês Anthony Ryan, mais conhecido pelas sagas A Sombra do Corvo e Draconian Memoria.

Publicado em 2019 a saga The Seven Swords conta a trajetória de Pilgrim, um guerreiro desesperado para mudar seu destino perante um deus Louco. Ele e mais seis diferentes companheiros trilham por uma estrada perigosa, cheia de abominações e horrores em busca de uma oração para aplacar os pesadelos da alma.

Bom, na verdade quando baixei esse e-book não sabia de nada sobre a história, mas o autor eu já conhecia pelos livros A Canção do Sangue, O Senhor da Torre e A Rainha do Fogo.

A capa despertou minha atenção, pois me lembrou bastante as artes de Dungeons & Dragons.

Contudo, foi uma surpresa e tanto a história conseguir ser tão empolgante e extremamente fluida em tão poucas páginas (128 páginas). O autor conseguiu subverter seus personagens as mais diversas situações de desespero, ação e caos.

O leitor terá a chance de reconhecer vários elementos do RPG (Diablo II) e até mesmo de Elric de Melniboné, pois assim como o rei albino, Pilgrim possui uma espada que contém um demônio que fica "falando" em sua cabeça e atormentando ainda mais a vida do protagonista. 

Enfim, A Pilgrimage of Swords é uma boa leitura para experimentar uma Dark Fantasy curta e sem muitas pretensões. 

Apesar de ter mais quatro livros na sequência este primeiro volume já pode te deixar bastante satisfeito. 

A Saga dos X-Men n° 11

A Saga dos X-Men 11

A Saga dos X-Men n° 11, lançada em abril de 2023 traz a história mostra Loki, o deus nórdico da mentira tramando uma vingança direta contra os X-Men. 

Para isso ele pede a ajuda a feiticeira Encantor que acaba trazendo os Novos Mutantes e Ororo (sem os seus poderes) para Asgard. 

Os jovens mutantes ficam perdidos e espalhados pelo Reino Dourado, então Loki aproveita a oportunidade para manipular Ororo e transformá-la em a nova deusa do Trovão e se unirem como soberanos de Asgard.

Essa aventura me trouxe boas recordações da minha juventude. Eu tinha essas edições de 1990 em formatinho da Editora Abril (X-Men n° 22 e 23) e a primeira vez que li, fiquei maravilhado não só com a arte magnífica de Arthur Adams, mas também como a história é boa. 

Talvez seja uma das mais fantásticas em termos narrativos, uma Fantasia típica onde a jornada do herói é tratada de maneira quase dramática com direito a fadas, trolls, anões e muita mitologia nórdica. 

Chris Claremont criou um roteiro bem ao estilo Espada e Feitiçaria, onde boas batalhas, misticismo e sensualidade se agrupam de maneira equilibrada dentro da hq - até Loki está muito bem no seu estilo arrogante, ambicioso e preconceituoso.

E é claro, o visual de Ororo (Tempestade) como uma deusa nórdica do Trovão está deslumbrante. Sua "parceria" com Loki combinou muito bem com a história e em algumas partes chega a lembrar o filme "O Feitiço de Áquila" (1985).

A hq finaliza trazendo dois contos sobre o atormentado passado de Magneto. Eles mostram o lado sombrio do Mestre do Magnetismo com os bons traços de John Bolton. 

Apesar da Editora Panini já ter lançando as Sagas Asgardianas em capa dura,  A Saga dos X-Men n° 11 vislumbra o ápice mágico dos mutantes, onde a superação e a justiça são os valores a serem estimados e honrados.

X-Men / Novos Mutantes 

The Wheel of Time - Winter's Heart

The Wheel of Time - Winter's Heart 

Winter's Heart, o nono livro da saga épica de Robert Jordan - The Wheel of Time (A Roda do Tempo). 

Publicada originalmente em 2000, a história traz os eventos anteriores de The Path of Daggers, onde chega ao fim o verão intenso criado diabolicamente pelo Tenebroso.

A politicagem e as intromissões das Aes Sedai continuam e, com força. Perrin Aybara se junta a Elyas Machera e Belerian em busca de Faile. Mat Cauthon retorna a trama conhecendo Tuon, a Filha das Nove Luas. 

Já Rand al'Thor está numa missão de vingança contra os traidores Asha'man e uma provável união de Aviendha, Elaine e Min!

O início da história é intrincado, exigindo paciência e concentração por parte do leitor, pois Winter's Heart é no mínimo encorajador. Não é um livro veloz (assim como outros da saga), mas ganha vida e agilidade na metade para o final.

O sistema de magia está incrivelmente bem estruturado atingindo níveis épicos. 

Nos capítulos finais é onde realmente Robert Jordan demonstra toda a sua habilidade textual ao descrever uma batalha sensacional em que ele alterna diversos pontos de vista. Não há confusão ou excesso; a cena é tratada com precisão e efeito, proporcionando um final memorável.  

Realmente mais um ótimo livro da saga A Roda do Tempo - Winter's Heart (uma alusão sombria e gélida ao Dragão Renascido) cria habilmente um belíssimo terreno para o décimo livro - Crossroad of Twilight, mas por enquanto essa leitura ficará para o ano que vem.