O Legado Maytreel - A Phoenix

O Legado de Maytreel- A Phoenix

O Legado Maytreel - A Phoenix, o primeiro livro da trilogia escrita pela escritora Alexsandra Figueiredo.

A história traz Harriet, uma jovem albina que durante sua adolescência descobre através de seus sonhos que é dotada de poderes sobrenaturais. Consequentemente seus pais a mandam para um Instituto de jovens iguais a ela.  Desta maneira mais segredos vem a tona que a mudarão sua vida drasticamente.

Bom, o livro tem os moldes do estilo YA, mas consegue em alguns pontos ter suas características próprias. A leitura é leve e descomplicada. Os textos apresentam consistência e fluidez na medida certa, sem comprometer seu entendimento. 

A autora trouxe na narrativa certos assuntos do cotidiano como família, problemas e descobertas que ocorrem na adolescência. 

Em contrapartida o mundo fantástico existente na trama é caracterizado pelo sobrenatural, feiticeiros e vampiros. Há partes de uma dualidade muito particular em relação a protagonista Harriet e certos momentos notamos a influência de J. K. Rowling.

A personagem Harriet tem seu destaque que para mim lembrou algumas características melnibonianas e dos antigos habitantes de Valíria, mas a comparação é apenas visual.

Vale destacar a belíssima arte de capa que ilustra bem o teor fantástico da obra.

O Legado Maytreel - A Phoenix é um livro introdutório ao universo sobrenatural e, por se tratar de uma trilogia, é provável que as próximas continuações deem um up a mais na trama.

Um bom começo. 

O Legado Maytreel - A Phoenix 

O Nome da Rosa - Eco/Manara

 

O Nome da Rosa

Do Grupo Editorial Record, trago aqui esta belíssima graphic novel de O Nome da Rosa - Volume 1, obra-prima de Umberto Eco e arte de Milo Manara. 

Publicado em 2023, o quadrinho conta a história de um mosteiro na Itália medieval, na última semana de novembro de 1327. 

Ali, o franciscano inglês Guilherme de Baskerville e seu jovem auxiliar Adso de Melk, envolvem-se na investigação das insólitas mortes de sete monges, em sete dias e sete noites. Os crimes irradiam a partir da biblioteca do mosteiro - a maior biblioteca do mundo cristão. 

Considerada como a obra máxima de Umberto Eco, O Nome da Rosa vai além de uma crônica sobre a Idade Média. Ela designa teoria da literatura, semiótica e filosofia. Constitui, ainda uma crítica do poder e do esvaziamento dos valores pela demagogia e, para muitos, uma parábola sangrenta da história da humanidade.  

A dura rotina de uma vida monástica, a austeridade, o mistério e as histórias por trás dos mosteiros na Idade Média está ricamente ilustrada nos traços de Milo Manara. 

Seus desenhos é uma marca registrada de versatilidade com formas, contrastes e brilhos. Alguns personagens possuem características nobres e há partes que vemos o gótico, o místico e contornos perfeitos exaltando beleza e sensualidade.

As linhas em perspectiva mostram sombras bem marcadas criando um ambiente de profundidade e volume.

A edição ainda traz extras como o esboço de algumas partes da arte original criada por Manara e com certeza, agradará os fãs da nona arte.

O Nome da Rosa é essencial e importante para a ficção histórica e a graphic novel veio de forma exuberante, consolidá-la como uma obra de arte absoluta, única e necessária.

O Nome da Rosa

As Guerras de Trolltooth

As Guerras Trolltooth 

Baseado no mundo ficcional de Titan, As Guerras de Trolltooth foi escrito pelo britânico Steven Jackson e publicado por aqui pela Editora Marques Saraiva em 1989.

A história mostra o conflito dos goblins das colinas de Balthus Dire que atacavam uma caravana que transportava uma erva mística para Zharradan Marr. Daí, eles rompem uma cadeia de eventos que mergulha o continente de Allansia em uma guerra cruel entre os dois feiticeiros malignos. Então um guerreiro chamado Chadda Darkmane é escolhido para a sair em busca de aliados improváveis por toda Allansia e acabar com a guerra ou trazer o caos iminente. 

Bom, pode se dizer que As Guerras de Trolltooth envelheceu bem como um romance Rpg. Assim como a série de livros-jogos Fighting Fantasy ou Aventuras Fantásticas, ele trouxe na época boas alternativas aos leitores de fantasia a adentrar no Rpg. 

A escrita é simples e sem muitas firulas, apesar do autor dar destaques as descrições de lugares e ambientes. Mesmo com uma tradução bem ruim e algumas partes um pouco confusas, o livro consegue entreter e entregar uma aventura interessante com algumas boas ilustrações. 

Em uma época que a Internet não havia chegado por aqui e só podíamos apenas recorrer às revistas ou a livros importados, os livros de Steve Jackson como As Guerras de Trolltooth era uma alternativa para os leitores de Fantasia. Entrar na aventura em meio a goblins, orcs e ter bons momentos de lutas e batalhas épicas, fazia parte daquele universo incrível. 

Vale pela nostalgia.

Missões de Paz - Um conto em Eidola

Missões de Paz - Um Conto em Eidola

Enquanto a terceira e última parte da saga Absolutos não chega, recomendo esse incrível spin-off do escritor Rodolfo Salles, Missões de Paz - Um Conto em Eidola. 

Publicado em 2023, a história se passa no ano de 8174 da Era da Reforma - 341 anos antes dos eventos que culminam a saga de Absolutos. 

A valfar (uma espécie elemental) Aurilan, conhecida pelo apelido mortal de Ceifadora de Reis, junto com o seu amigo Cris, estão na Galáxia de Eidola para cumprir uma missão em atuação pela Ordem Militar de Gálataris. 

Este conto é uma espécie de porta de entrada para o universo de Absolutos. É uma leitura rápida com textos bem descritivos e de fácil entendimento.  

Foi bem interessante conhecer os famosos Gálataris e ver o quanto eles são imponetes em seus assuntos políticos nas galáxias. 

O autor trouxe em poucas páginas uma riqueza imensa de detalhes tantos nas lutas e batalhas como também nas dissidências e na demonstração de poder e influência. 

É realmente um conto significativo para o universo criado por Salles e que pode ser lido separadamente sem precisar ter o conhecimento de Sinfonia da Destruição (livro 1) e Réquiem da Ascenção (livro 2). 

Missões de Paz é mais que uma space opera interessante -  ela complementa, empolga e diverte, e com certeza, vale a pena ser lida como ponto de partida para algo maior e incrível. 

A Era do Abismo- O Torneio dos Campeões

A Era do Abismo - O Torneio dos Campeões 

Do escritor Bernardo Stamato trago aqui A Era do Abismo - O Torneio dos Campeões publicado em 2019 pela Editora Pendragon.

A história mostra um grupo de aventureiros que, unidos pelo acaso, irão desbravar a região da Liga Prateada e proteger o povo de criaturas malévolas. Dentre os campeões estão Drago, Gladius, Marcus, Alberich, Rosa, Zhi Wu e Ravenlla - todos desfiando nobres corruptos e um torneio que contrabalança entre as Virtudes e Vícios, colidindo com a vida, a morte e a honra.

Primeiramente, o livro é ótimo e oferece uma narrativa boa e fluida. Stamato consegue envolver muito bem o leitor para um mundo fantástico e medieval. Ele incorpora detalhes incríveis em seus textos, geralmente acompanhados por cenários grandiosos e uma dramaticidade bem aos moldes de As Crônicas de Gelo e Fogo.

A trama abre espaço para um romance interessante mas, para mim, o ponto alto são as lutas e batalhas. Há momentos sublimes entre os embates que nos faz lembrar os turnos de Rpg. Os capítulos são alternados entre os personagens e está dividido em quatro atos criando assim, uma perspectiva mais íntima e ao mesmo tempo dramática.

Não há como deixar de mencionar a beleza gráfica. Lindas artes, um excelente codex, mapas e detalhes dos símbolos em cada página fazem desta edição uma das mais belas da Editora Pendragon.

A Era do Abismo - O Torneio dos Campeões traz a experiência "old school" das histórias de fantasia medieval e mostra para o leitor que pode haver beleza e glória nas batalhas, mesmo que se perca alguém que goste muito.

Recomendo. 

"Desde as crianças aos veteranos, todos apreciamos um boa fábula e esperamos para ouvir o mais emocionante: os combates! Que este torneio entre para a história e se torne lenda!"

Binti - Trilogia

Binti

Binti - trilogia escrita pela autora Nnedi Okorafor em 2015 e publicado pela Editora Galera em 2020.

A história traz Binti, uma jovem menina que sai de casa como a primeira estudante Himba, admitida na famosa Universidade Oomza, onde recebe alunos de todos os povos de diversas galáxias. No meio do caminho, a nave que a transporta para a universidade acaba sendo atacada por aliens chamados de Medusas e, inadvertidamente, acaba no meio de um conflito interestelar. 

Embora eu tenha achado o arco da história de Binti, incluindo a reviravolta no final, muito previsível, isso não a tornou menos agradável. Pelo contrário, Okorafor traz uma excelente contextualização, ambientação e diálogos interessantes entre os personagens.

As espécies que Binti encontra geralmente não são humanóides. Até os humanos que ela conhece são extremamente diferentes, vindos de várias culturas e galáxias - uma diversidade que ampliou a estrutura da história dando ares de space opera. 

O livro traz o Futurismoafricano como uma experiência das tradições e heranças enraizadas no povo Himba (de origem do norte da Namíbia) através dos nomes, costumes e utensílios.

Achei muito interessante na trama a protagonista perseguir seus interesses científicos sem perder os laços com sua cultura e, seu jeito de pensar em equações para reduzir o estresse e angustia internos. O que me fez lembrar, e muito, com a personagem Gaal Dornick da adaptação da série sci-fi Fundação (Isaac Asimov) do streaming Apple TV+ . 

Binti é uma personagem que encanta por sua complexidade, determinação e crescimento. 

O livro traz representatividade cultural e não economiza nas emoções, nas naves espaciais e na matemática. Mostra que a comunicação pode acontecer através de qualquer fronteira cultural, desde que as pessoas se conectem com curiosidade e empatia. 

Encontro com Lilith - Mulher, Demônio e Deusa

Lilith- Mulher, Demônio e Deusa 

Durante a metade dos anos 90 eu estava conhecendo e lendo bastante coisa de Fantasia. Até que resolvi mudar minhas leituras e me aventurei durante um ano estudando sobre Ocultismo. Não vou dizer que foi fácil. Em certos momentos cheguei quase a desistir pelo cansaço mental, mas depois se tornou incrível e bem prazeroso adquirir esse conhecimento. Pude notar que a grande maioria das obras citavam Lilith, uma unanimidade dentro desse universo.

Neste livro escrito pelo britânico Mark H. Williams - Encontro com Lilith - Mulher, Demônio e Deusa - e publicado em 2022 pela Editora Madras traz uma síntese simples e natural desta entidade que durante milênios é cercada de mistérios e significados. 

Na primeira parte, há trechos de antigos manuscritos de Gilgamesh e do Talmud e por onde o seu nome transitou em diversas escrituras sagradas. Mas somente no Midrash é que temos a gênesis de seu surgimento com ares mitológicos. 

Na segunda parte do livro, o autor cria uma narrativa interessante em primeira pessoa onde a própria Lilith conta sua história. 

Vemos ela no Éden, no auge de seu poder, a ligação inicial com Adão e ruptura com o Criador. A sua relação conturbada com Samael e a convivência afetuosa com Salomão são o ápice da narrativa que a meu ver poderia ter se expandindo bem mais.

Já no final do livro temos notas de como evoca-la em rituais, construção de altar, montagem de artefatos, ritos de magia, orações e encantamentos em louvor a Lilith.  

Lilith é o ícone primário e sobrenatural do empoderamento feminino, assim como outras deusas Kali, Morrigan e tantas outras representações. E mesmo nos tempos modernos, hoje ela está "escondida" em meio as histórias em quadrinhos, no Rpg, na música e em produções cinematográficas.

No geral é uma boa leitura. Vale a pena para matar a curiosidade e saber todas as suas faces como mulher, deusa e demônio que inspira a maioria das obras de literatura fantástica.