quarta-feira, 30 de julho de 2025

Dragões da Trapaça e do Acaso 

"Ele portou a Lança de Dragão, ele tomou a história, 

O calor pálido correu por seu braço que se erguia

E o sol e as três luas, esperando maravilhas, 

Pararam juntos no céu,

Rumo ao oeste, Huma cavalgou, até a Torre do Alto Clérigo 

Montado no Dragão de Prata,

E o trajeto de seu voo cruzava um país desolado 

Onde apenas os mortos caminhavam, murmurando nomes de dragões.

E os homens na Torre, cercados e atacados por dragões,

Pelos berros dos moribundos, o rugido no ar voraz,

Esperavam o silêncio indescritível,

Esperavam muito pior, temendo que o choque dos sentidos

Terminaria em um momento de nada

Onde a mente se deita com suas perdas e escuridão."


Canção de Huma

quinta-feira, 17 de julho de 2025

Lendas Volume 2: A Canção do Realejo

Lendas Volume II - A Canção do Realejo 

Trazendo aqui mais uma resenha em parceria com os autores Marcos Lariucci e Wendell Garofle. 

Em Lendas Volume 2: A Canção do Realejo, publicado em abril de 2025, o leitor é lançado à Irlanda do século XI, onde um náufrago sem nome e sem passado chega à costa carregando apenas uma espada embrulhada em trapos e um propósito envolto em mistério: encontrar a Filha da Lua.

A escrita evoca uma atmosfera densa e bons momentos de suspense e sensualidade. Os textos estão mais evidentes favorecendo a sugestão ao invés da ação direta. A força da obra reside na ambiguidade do misticismo influenciado por Alestier Crowley e na jornada emocional de um homem em ruínas, cuja busca externa reflete um conflito interno mais profundo.

A premissa, carregada de simbolismo, se desenvolve em um cenário onde o real e o mítico se confundem. Tudo aponta para um destino que tanto pode significar redenção quanto destruição.

A obra traz uma construção mais envolvente e atmosférica. Cada linha está no equilíbrio da ação e na tensão entre os personagens. Mesmo sendo sombrio e lírico, há ótimas referências à canções de Metal sendo uma característica marcante na escrita dos autores. Temos como exemplo títulos como Moonchild e Sob o Signo do Cruzeiro do Sul, os meus preferidos. 

Enfim, Lendas Volume 2 - A Canção do Realejo traz uma narrativa extremamente interessante e instigante. Não deixa de ser uma leitura breve, porém intensa — como um sussurro que permanece mesmo após o silêncio final.


"Sim, e eu sou o perigo, sou o estranho. E eu, sou a escuridão, sou a raiva, sou a dor. Então, ouça o que eu digo. Não fale com estranhos. E se, algum dia, algum estranho cruzar seu caminho, não olhe nos olhos dele; e se ele te chamar, não o deixe sussurrar seu nome. Se um dia, alguém te pedir ''𝑙𝑖𝑏𝑒𝑟𝑡𝑒-𝑚𝑒 𝑑𝑒 𝑚𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑜𝑏𝑟𝑖𝑔𝑎ção', apenas repita este nome - e ele sussurra um nome antigo no ouvido do garoto - nunca se esqueça deste nome."

quinta-feira, 3 de julho de 2025

Immortals – O Sacrifício dos Puros

Immortals - O Sacrifício dos Puros 

Segundo volume da saga, criado pelos autores Marcos Lariucci e Wendell Garofle, publicado no final de março de 2025. 

A narrativa acompanha os personagens McBrighton e Nikolai, ambos marcados por um passado trágico e por destinos entrelaçados com antigas profecias e lutas milenares.

Neste segundo livro o tema é o sacrifício em nome de um bem maior — uma constante reflexão sobre poder e imortalidade. 

Os autores usam questões morais complexas: até que ponto vale a pena salvar o mundo se for preciso perder a si mesmo?

A escrita de Lariucci e Garofle continua ágil e fluida, alternando entre momentos introspectivos e sequências de ação com aquele ritmo cinematográfico de tirar o fôlego. Há também um uso estratégico de cliffhangers que, de maneira inteligente, mantêm a tensão narrativa constante.

A ambientação medievalista, reforça um senso de decadência que permeia o livro — o mundo à beira do colapso, salvo apenas por aqueles dispostos a se sacrificar num universo onde seres demoníacos e híbridos coexistem em segredo, entrelaçando o antigo com o sobrenatural.

A obra está repleta de simbologia ligada a conceitos como “luz e trevas” e “imortalidade”. Assim como no primeiro volume, ainda é possível identificar influências de diversas mitologias da tradição cristã/pagã a elementos do ocultismo, mas sempre reinterpretadas com identidade própria.

As referências narrativas à canções e bandas de Rock/Metal continuam mais marcantes e por representar arquétipos poderosos da literatura fantástica. Vale destacar que a edição continua tão linda e impecável quanto a primeira com ótima diagramação e belíssimas ilustrações internas de encher os olhos.

Enfim, O Sacrifício dos Puros fecha muito bem a saga Immortals como uma fantasia madura, intensa e emocionalmente carregada. É um romance sombrio, cheio de reviravoltas, com um subtexto poderoso sobre sacrifício e escolhas que reverberam para o bem ou para o mal.



sábado, 21 de junho de 2025

Crônicas de Dragonlance - Dragões da Noite de Inverno

Dragonlance - Dragões da Noite de Inverno 


"O inverno chegou. Com ele, o silêncio da neve e o rugido dos dragões." – Crônicas de Dragonlance.

A estação do frio nos alcança como em Solace, quando o mundo parecia congelar não apenas por fora, mas por dentro.

Em Dragões da Noite de Inverno, os heróis aprendem que há invernos que não se vencem com espadas — mas com laços, memórias e fé no calor que ainda vive em cada um.

Assim como em Krynn, também nós atravessamos paisagens geladas — externas e internas.

E talvez o segredo esteja em não temer o inverno, mas em ouvi-lo.

Ele nos ensina a esperar, a persistir, a recomeçar.

Que este inverno traga páginas viradas à beira do fogo… e a lembrança de que até mesmo as noites mais frias guardam o brilho das estrelas.


quarta-feira, 18 de junho de 2025

Sir Christopher Lee

Christopher Lee


Christopher Lee (1922-2015) foi um ator britânico conhecido por sua versatilidade como ator, escritor e cantor de opera e de Heavy Metal.

Poucos sabem, mas ele amava o Metal como um gênero musical que conseguia representar a fantasia de uma maneira poderosa e verdadeira em suas notas.

Aqui está apenas alguns dos seus trabalhos autorais e com outras bandas de Metal:




Albums

  • Christopher Lee Sings Devils, Rogues & Other Villains (1998).
  • Revelation (2006).
  • Charlemagne: By the Sword and the Cross (2010).
  • Charlemagne: The Omens of Death (2013).

EPs

  • A Heavy Metal Christmas (2012).
  • A Heavy Metal Christmas Too (2013).
  • Metal Knight (2014).

Singles

  • Let Legend Mark Me as the King (2012).
  • The Ultimate Sacrifice (2012).
  • Darkest Carols, Faithful Sing (2014).



Com Rhapsody


  • Symphony of Enchanted Lands II: The Dark Secret (2004), como narrador.
  • Triumph or Agony (2006), como narrador e Lothen.
  • The Frozen Tears of Angels (2010), como narrador e Lothen.
  • The Cold Embrace of Fear - A Dark Romantic Symphony (2010), como Wizard King.
  • From Chaos To Eternity (2011), como Wizard King.



Com Manowar

      -  Battle Hymns MMXI (2010).
 
Album de 2014

fonte: wikipedia.

terça-feira, 17 de junho de 2025

Araruama - O Livro das Semente

Araruama - O Livro das Sementes 

Publicado originalmente em 2017 e depois pela Avec Editora em 2024, o livro é o primeiro volume da série escrita por Ian Fraser, que nos transporta para um universo de fantasia inspirado nas culturas e mitologias dos povos mesoamericanos.

A narrativa acompanha cinco jovens — Kaluanã (nasceu para uma vida longa que transcende os números), Obiru (um capanema destinado a uma morte prematura), Apoema (possui a habilidadede ver o futuro e sonha em voar), Eçai (é descrito como um jovem tranquilo) e Batarra Cotuba (é o gigante gentil e protetor) — que se preparam para o Turunã, um ritual de passagem para a vida adulta. Cada personagem possui características e destinos únicos, entrelaçados em uma jornada que busca manter o equilíbrio da floresta diante de forças sombrias que ameaçam a harmonia de Ibi, a terra.

Fraser traz um mundo rico e fantástico com elementos interessantes como a magia das palavras, criaturas míticas e uma cosmologia própria. A escrita remete a textos míticos, proporcionando uma sensação de transcendência e conexão com algo maior. A ambientação é profundamente enraizada nas tradições indígenas, oferecendo uma perspectiva única dentro do gênero de fantasia. 

Encontrei fluidez e dinâmica à introdução de diversos conceitos novos. A estrutura narrativa está bem alternada entre os pontos de vista dos protagonistas, buscando ótimos conceitos folcloricos durante a leitura.

Para mim, o livro compõe muita originalidade e solidez. Meu destaque maior é a imersão proporcionada pela história e o desenvolvimento dos personagens ao longo da trama. Vale também destacar as belíssimas ilustrações internas feitas por Paulo Torinno e Lai Santos que trazem um brilho ainda mais especial a obra.

Enfim, Araruama - O Livro das Sementes oferece uma experiência literária única, mergulhando o leitor em um mundo fantástico que celebra muito bem as culturas indígenas das Américas.

Araruama 

sexta-feira, 13 de junho de 2025

Preacher: A História de Você-Sabe-Quem

A História de Você-Sabe-Quem 

Ainda falando de Preacher, fiz uma releitura da origem de um dos personagens mais criativos e bizarros do universo de Preacher, Arseface mais conhecido pelo infame nome cara-de-c*. 

Publicado originalmente por aqui em 1999 e desenhada por Richard Case, a hq é quase uma fábula dos anos 90 e muito bem desenvolvida por Garth Ennis.

A história mostra Eugene "Arseface" Root, um típico adolescente que vive fumando baseado, fã de grunge e da banda Nirvana. Seu pai, conhecido como o xerife Root, é um alc0ólatra extremamente violento e racis7a, e sua mãe vive no tédio de um casamento fracassado e procura afogar suas frustrações no álcool e na igreja. 

Ennis consegue trazer momentos surreais como o desinteresse de vida de Eugene, o bulling sofrido na escola e os momentos caóticos com o seu amigo Pube. 

São diálogos sem intersecções, pretensões moralistas ou filosóficas - é tudo muito turbulento e bizarro.

Cada ato traz um título de uma música como se fosse uma trilha sonora para cada acontecimento na vida de Eugene. Temos inicialmente "A Day in the Life" Beatles, "Rebel Rebelde" David Bowie, "New Horizons" The Moody Blues e finaliza com o clássico álbum"Nevermind" do Nirvana. 

De qualquer modo, a história busca o seu cerne: ser uma narrativa esdrúxula e de humor ácido. Entretanto, por ser uma hq adulta e cheia de "gatilhos", ela incomoda em certos pontos.

Arsene é, na verdade, uma das críticas mais afiadas que Preacher faz à cultura de celebridades dos anos 90 - transforma tragédia em espetáculo e consome a dor alheia com falsa compaixão.