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terça-feira, 17 de junho de 2025

Araruama - O Livro das Semente

Araruama - O Livro das Sementes 

Publicado originalmente em 2017 e depois pela Avec Editora em 2024, o livro é o primeiro volume da série escrita por Ian Fraser, que nos transporta para um universo de fantasia inspirado nas culturas e mitologias dos povos mesoamericanos.

A narrativa acompanha cinco jovens — Kaluanã (nasceu para uma vida longa que transcende os números), Obiru (um capanema destinado a uma morte prematura), Apoema (possui a habilidadede ver o futuro e sonha em voar), Eçai (é descrito como um jovem tranquilo) e Batarra Cotuba (é o gigante gentil e protetor) — que se preparam para o Turunã, um ritual de passagem para a vida adulta. Cada personagem possui características e destinos únicos, entrelaçados em uma jornada que busca manter o equilíbrio da floresta diante de forças sombrias que ameaçam a harmonia de Ibi, a terra.

Fraser traz um mundo rico e fantástico com elementos interessantes como a magia das palavras, criaturas míticas e uma cosmologia própria. A escrita remete a textos míticos, proporcionando uma sensação de transcendência e conexão com algo maior. A ambientação é profundamente enraizada nas tradições indígenas, oferecendo uma perspectiva única dentro do gênero de fantasia. 

Encontrei fluidez e dinâmica à introdução de diversos conceitos novos. A estrutura narrativa está bem alternada entre os pontos de vista dos protagonistas, buscando ótimos conceitos folcloricos durante a leitura.

Para mim, o livro compõe muita originalidade e solidez. Meu destaque maior é a imersão proporcionada pela história e o desenvolvimento dos personagens ao longo da trama. Vale também destacar as belíssimas ilustrações internas feitas por Paulo Torinno e Lai Santos que trazem um brilho ainda mais especial a obra.

Enfim, Araruama - O Livro das Sementes oferece uma experiência literária única, mergulhando o leitor em um mundo fantástico que celebra muito bem as culturas indígenas das Américas.

Araruama 

sexta-feira, 13 de junho de 2025

Preacher: A História de Você-Sabe-Quem

A História de Você-Sabe-Quem 

Ainda falando de Preacher, fiz uma releitura da origem de um dos personagens mais criativos e bizarros do universo de Preacher, Arseface mais conhecido pelo infame nome cara-de-c*. 

Publicado originalmente por aqui em 1999 e desenhada por Richard Case, a hq é quase uma fábula dos anos 90 e muito bem desenvolvida por Garth Ennis.

A história mostra Eugene "Arseface" Root, um típico adolescente que vive fumando baseado, fã de grunge e da banda Nirvana. Seu pai, conhecido como o xerife Root, é um alc0ólatra extremamente violento e racis7a, e sua mãe vive no tédio de um casamento fracassado e procura afogar suas frustrações no álcool e na igreja. 

Ennis consegue trazer momentos surreais como o desinteresse de vida de Eugene, o bulling sofrido na escola e os momentos caóticos com o seu amigo Pube. 

São diálogos sem intersecções, pretensões moralistas ou filosóficas - é tudo muito turbulento e bizarro.

Cada ato traz um título de uma música como se fosse uma trilha sonora para cada acontecimento na vida de Eugene. Temos inicialmente "A Day in the Life" Beatles, "Rebel Rebelde" David Bowie, "New Horizons" The Moody Blues e finaliza com o clássico álbum"Nevermind" do Nirvana. 

De qualquer modo, a história busca o seu cerne: ser uma narrativa esdrúxula e de humor ácido. Entretanto, por ser uma hq adulta e cheia de "gatilhos", ela incomoda em certos pontos.

Arsene é, na verdade, uma das críticas mais afiadas que Preacher faz à cultura de celebridades dos anos 90 - transforma tragédia em espetáculo e consome a dor alheia com falsa compaixão.

quinta-feira, 22 de maio de 2025

O Ídolo de Sothakiir

O Ídolo de Sothakiir 

O conto escrito por Sario Ferreira faz parte da Saga Sagraerya - série de três livros (O Despertar do Paladino, A Essência Perdida e A Promessa Anã) que acompanha a jornada fantástica do paladino Sagrarius.

Publicado originalmente na revista Dragão Brasil nº 152 em fevereiro de 2020, O Ídolo de Sothakiir é uma prequel canônica da saga. Aqui o foco são nos personagens Sania D'flail e no anão Axem do clã Brodick, revelando eventos anteriores à fundação da Ordem da Luz. Eles enfrentam desafios que testam não apenas suas habilidades físicas, mas também seus valores e crenças.

Embora esteja inserido no universo da saga, o conto possui uma descrição independente, permitindo que novos leitores se familiarizem com o mundo de Arya sem necessidade de uma leitura prévia dos livros principais.

É uma leitura agradável no melhor estilo old school da Fantasia. Com boas cenas de luta, a narrativa mostra temas como a fé e o sacrifício, elementos recorrentes nos textos da trilogia. Destaque também para a belíssima arte de capa ilustrada por Samuel Marcelino. 

Se você aprecia fantasia com elementos de RPG e narrativas envolventes, O Ídolo de Sothakiir é uma excelente introdução ao estilo de Sario Ferreira e ao universo de Sagraerya.


"Encontrem a Lua para encontrar 

o Sol que ele não encontrou.⁣

Cavalguem pela noite infindável ⁣

sobre nuvens ondulantes."


O Ídolo de Sothakiir

quinta-feira, 8 de maio de 2025

Os Feiticeiros da Luz Sinistra

Os Feiticeiros da Luz Sinistra 

Os Feiticeiros da Luz Sinistra, escrito e publicado de forma independente pelo autor Dylan Batista. 

A narrativa do livro acompanha Tasdra, um feiticeiro roqueiro, que enfrenta entidades mágicas em busca de seu amigo desaparecido.

Dylan usa bons elementos literários, quase cinematográficos. Você consegue "ver" a cena, como se estivesse assistindo a uma animação ou game. Sua escrita traz uma base sólida e bastante promissora. Embora ainda apresente características típicas de um texto em estágio inicial, há uma boa estrutura textual e uma voz autoral em desenvolvimento. 

Gostei muito do conceito da "luz sinistra" como fonte de poder e conflito, pois é inovador e interessante. Não é o bem contra o mal de forma maniqueísta, mas sim uma disputa por uma essência que representa desejos humanos profundos.

Achei muito interessante Lumea Lumini, a cidade dos feiticeiros. Ela é moldada por sonhos e criações da psique humana - vive, se transforma e desafia constantemente o protagonista. Há também outros bons personagens como Lysnick, Pallathan e Dlya que também se encontram nesse ambiente onde a mente e a percepção criam a realidade. 

A estética vibrante da cultura pop dos animes/mangás, rpg e das referências ao Metal, principalmente da banda Avenged Sevenfold estão interligadas não só nos textos, mas na arte e no aspecto físico do livro.

Com criatividade e ousadia, Dylan Batista mostra que a literatura independente tem muito a oferecer - e Os Feiticeiros da Luz Sinistra é a prova disso: um livro que diverte, prende e impressiona. 


"O meu show não termina aqui, não vou perder para alguém que corteja a morte!"

quarta-feira, 23 de abril de 2025

Santo Guerreiro - Ventos do Norte

Santo Guerreiro - Ventos do Norte 

Ventos do Norte éo segundo livro da trilogia Santo Guerreiro, escrita por Eduardo Spohr em 2022.

O livro dá continuidade aos eventos de Roma Invicta de 2020 e coloca o protagonista, Georgios Graco, no centro de novas intrigas e desafios. Ele agora é tribuno e comandante militar romano que enfrenta dilemas morais ao ser forçado a escolher entre sua lealdade ao exército romano e suas crenças pessoais.

As descrições de lugares e cidades estão bem detalhadas e retratam o conflito brutal da época. Spohr consegue combinar uma narrativa focada na ação e mantêm toques de suspense e intrigas políticas. No decorrer da leitura, há momentos sombrios em que encaramos um Império Romano colapsado e ameaçado por intermináveis conspirações e guerras insanas.

Gostei bastante de vários personagens, mas os diálogos de Georgios e Constantino foram os que mais me chamaram atenção e de maneira positiva. Ambos são caracterizados pelo equilíbrio, a amizade e, mesmo em discordância em alguns momentos, trazem um teor complexo e humano na trama.

Outro destaque é a batalha de Georgius contra os francos na região da Germânia. Simplesmente brutal, proporcionando momentos épicos de bravura e dramáticidade.  

Enfim, Ventos do Norte ergue-se como uma excelente ficção histórica, guiando os leitores por batalhas memoráveis e reflexões profundas — um prato cheio para fãs de Iggulden e Cornwell.

segunda-feira, 14 de abril de 2025

The Long Vigil - A Deathwatch Anthology

The Long Vigil - A Deathwatch Anthology

Dando início as minhas primeiras leituras de Warhammer 40K, trago aqui a antologia Deathwatch: The Long Vigil. É uma coletânea de nove contos focada nos Deathwatch: a elite dos Adeptus Astarte ou Space Marines dedicados a caçar e eliminar ameaças alienígenas (xenos) que assolam a galáxia.

Eles são subordinados ao Ordo Xenos, divisão da Inquisição encarregada de lidar com alienígenas; e não hesitam em tomar decisões brutais pelo bem do Imperium. 

Para os leitores que não conhecem, Warhammer 40K é um universo distópico no 41º milênio, onde não existe paz, esperança ou redenção. Só guerra sem fim. A humanidade vive sob o domínio de um império autoritário e teocrático. O tom da lore é sombrio, trágico e exageradamente brutal; tudo é distorcido, irônico e propositalmente over.

Os contos apresentados são de vários autores renomados da Black Library, a divisão editorial da Games Workshop responsável pelas publicações de Warhammer e de suas expansões como a extensa série The Horus Heresy,  Age of Sigmar e Warhammer The Old World.

Cada história traz uma perspectiva única sobre os Deathwatch, seja explorando a brutalidade da guerra, a lealdade entre irmãos ou as missões suicidas em meio a um cosmos repleto de horrores e traições internas. Aqui estão os contos e seus respectivos autores:

1. "Messiah Complex" – Steve Parker

Um esquadrão da Deathwatch é enviado para eliminar um culto xenos em um planeta imperial. No entanto, eles descobrem que a influência alienígena é mais profunda do que esperavam. Este conto explora paranoia e traição, com um final bem sombrio.

2. "The Shadow of the Saints" – Ben Counter

Um Deathwatch da Kill-Team enfrenta um inimigo traiçoeiro em meio às ruínas de uma civilização destruída. O conto aborda a luta interna dos Marines para manter sua humanidade enquanto combatem horrores indescritíveis.

3. "The Crueltymaker’s Kingdom" – Marc Collins

Uma missão da Deathwatch os leva ao território de um senhor da guerra alienígena cruel. A história explora os limites da brutalidade que os Space Marines estão dispostos a cruzar para garantir a vitória.

4. "The Nihilus Edge" – Justin D. Hill

Situado no sombrio cenário da Cicatrix Maledictum, este conto segue um esquadrão da Deathwatch tentando sobreviver em uma região sem esperança. A história enfatiza a resiliência dos Marines diante de uma galáxia que se despedaça.

5. "Sorrowcrown" – Nicholas Wolf

Focado em um único Space Marine da Deathwatch, este conto mostra um guerreiro que carrega uma cicatriz profunda – tanto física quanto emocionalmente. Enquanto combate uma ameaça alienígena, ele precisa confrontar seu próprio passado.

6. "Awakened" – Sarah Cawkwell

Uma relíquia ancestral desperta uma força adormecida que ameaça todo um sistema estelar. Uma Deathwatch é chamada para intervir, mas eles logo percebem que a ameaça pode ser maior do que imaginavam.

7. "Brother to Dishonour" – David Guymer

Tensão entre os membros da Deathwatch aumenta quando uma antiga rivalidade entre dois Space Marines vem à tona. O conto explora lealdade, orgulho e o que significa servir a um objetivo maior.

8. "The Last Word" – Phil Kelly

Um Mariner veterano da Deathwatch reflete sobre sua longa carreira e as decisões difíceis que teve que tomar. O conto é mais introspectivo, focando no fardo da guerra constante.

9. "Entombed" – Andy Clark

Uma missão em uma nave espacial abandonada transforma-se em um pesadelo claustrofóbico quando algo começa a caçar os Space Marines. O conto captura o horror e a tensão de um inimigo desconhecido à espreita, bem ao estilo Alien, o 8º Passageiro.


Em resumo, Deathwatch: The Long Vigil é uma leitura interessante. O leitor irá conhecer e mergulhar no mundo grimdark de Warhammer 40k em uma antologia que cumpre bem seu papel dentro do gênero militar sci-fi, oferecendo ambientação densa e personagens marcantes.


"Irmandade. Dever. Sacrifício. A Vigília é longa — e nem todos despertam dela do mesmo jeito."


sexta-feira, 21 de março de 2025

Herdeiros do Abismo - Gênesis

Herdeiros do Abismo - Gênesis 

Publicado em 2024 pela Editora Palavra & Verso, a obra é ambientada no século XVI, em um inverno tempestuoso na antiga Hungria. A narrativa constrói um mundo pós-apocalíptico onde vampiros dominam a Terra, liderados por Khram, o Impiedoso.

Escrito pela autora Vanessa Musial, a trama não se limita à clássica batalha entre humanos e vampiros; ela dá uma ênfase mais aprofundada sobre fé, política e poder. Os aspectos históricos enriquecem o cenário, tornando o enredo mais tangível e imersivo, enquanto os personagens são desenvolvidos com profundidade, exibindo conflitos internos e externos.

Os personagens humanos destacam-se como um símbolo de resistência e esperança. Já os vampiros adicionam camadas de violência e principalmente a sede por sangue, luxúria e poder. 

A autora habilmente mistura elementos fantásticos, rituais, linhagens de sangue e religião, criando essa atmosfera lúgubre e grotesca. Sua escrita é bem construída deixando a história muito envolvente e imersiva. Há também trechos inquietantes, com reviravoltas inesperadas e um desfecho que deixa um gancho instigante para a continuação.

O meu destaque vai pela ótima qualidade gráfica. Tanto na versão física como na digital, a obra traz lindas ilustrações e simbologias tanto no interior do livro quanto na arte da capa ricamente ilustrada por Danielson Lima.

Em suma, Herdeiros do Abismo - Gênesis é uma grimdark fantasy imperdível. Mesmo que certos trechos possam ser chocantes, o livro oferece uma experiência rica em batalhas, resistência e terror. 

Recomendo demais e lembrando que a leitura é para maiores.


"E se houver, por certo, um significado maior em tudo aquilo? E se a criatura é mesmo parte dos planos divinos? Afinal, são sempre incertos os desígnios de Deus..."

quarta-feira, 12 de março de 2025

O Despertar do Paladino

O Despertar do Paladino 

Trago aqui a leitura de O Despertar do Paladino - do autor mineiro Sario Ferreira. É o primeiro livro da série Sagraerya e publicado de forma independente em 2016. 

A trama se desenrola no continente fictício de Ardoria, onde o reino de Zophar trava uma guerra implacável há sessenta anos contra os nativos conhecidos como o povo "Sombrio". O jovem general Sagrarius, um dos dez temidos líderes militares zopharianos, prepara-se para atacar a última fortaleza sombria, motivado por um desejo de justiça tanto para o reino quanto por razões pessoais. No entanto, uma revelação divina abala suas convicções, levando-o a questionar os verdadeiros ideais de Zophar e vai em uma jornada de redenção e honra.

Bom, o que me chamou a atenção nesta obra é que o autor constrói uma narrativa muito interessante e instigante. Sua escrita utiliza uma linha textual que prioriza diálogos ágeis e funcionais, o que torna a leitura acessível. Inclusive toda a ambientação medieval de Ardoria é descrita de forma vívida com suas sociedades, religiões e mitologias próprias. Isso criou no livro um equilíbrio perfeito entre ação, drama e worldbuilding.

Da mesma forma pode se dizer dos personagens marcantes como Yumura, Kirion, Sania e o protagonista Sagrarius. Eles possuem personalidades distintas e arcos de desenvolvimento sólidos que lidam com a redenção, fé, desafios e honra.

Também gostei da composição estrutural do livro. Na primeira parte temos a gênesis, as motivações e as desconfianças que envolvem o reino de Zophar. Na segunda parte (a minha favorita) traz as reviravoltas, a mitologia dos Deuses e os combates épicos. Além das diversas raças e criaturas fantásticas, toda a trama de Sagraerya lembra muito as mesas de Rpg, contudo é uma leitura de identidade forte e diferenciada.

A transformação de Sagrarius e sua busca por redenção proporcionam O Despertar do Paladino um livro instigante dentro da Fantasia old school. Mesmo que haja uma previsibilidade e estruturas clichês que a meu ver são normais dentro do estilo fantástico, a história é muito mais do que isso - é sobre os desafios de confrontar crenças enraizadas, fé verdadeira e a busca de um propósito maior.

sábado, 22 de fevereiro de 2025

Trigger: Mercenário Espacial

Trigger - Mercenário Espacial 

Trigger - Mercenário Espacial é o primeiro volume de uma série de ficção científica escrito por J. V. Santiago e publicada pela Editora Itaipuca em meados de 2019.

A história se apresenta num cenário em que a Terra recebe uma mensagem ameaçadora de um império alienígena:

"Submetam-se a nós ou serão anexados à força!"

Diante da tecnologia avançada dos invasores, a ONU quase cede à pressão. No entanto, surge uma figura enigmática oferecendo uma oportunidade de equilibrar a disputa e garantir a sobrevivência da humanidade. Trigger se identifica como um androide e afirma que irá lutar contra a armada Rukki pela Terra, mas por um preço. Será que ele realmente tem condições de enfrentar uma invasão tão vasta e poderosa? E o que há por trás dessa exigência?


Bom, o autor construiu uma ótima narrativa que combina elementos clássicos da ficção científica, como a existência de outros universos e tecnologia militar futurista. Seu texto flui naturalmente e é de fácil compreensão, mesmo dentro do gênero scifi.

A habilidade de misturar cenas de ação, suspense e momentos de introspecção dos personagens é, para mim, um dos pontos altos da obra. Embora a colocação possa parecer clichê dentro da ficção científica, a ameaça de invasão alienígena é explorada de maneira inteligente. Podemos notar influências marcantes de seriados japoneses como Jaspion e Changeman , mas com toques mais sombrios.

Os personagens como Zammer e Yukirion (os meus preferidos!) apresentam um bom desenvolvimento, com motivações claras e arcos interessantes que prendem a atenção do leitor. Além disso, os alienígenas (o império wRukki) são um show à parte, com uma grande diversidade de raças, culturas e comportamentos.

Para os leitores e fãs de ficção científica, Trigger - Mercenário Espacial é uma excelente escolha, pois o livro vai além das lutas e batalhas. Ele traz um panorama repleto de intrigas geopolíticas, interesses e sacrifícios. Além disso, apresenta ideias e expectativas que permanecem na mente do leitor mesmo após a última página.


sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Sertão dos Mortos

Sertão dos Mortos 

Faminto e miserável, um homem percorre o árido sertão nordestino até chegar à cidade de Esperança. Com a chegada de forasteiros misteriosos, eventos estranhos abalam o lugarejo, levando a um desfecho surpreendente e sombrio.

Esta é a premissa desta excelente graphic novel nacional - Sertão dos Mortos, publicada em 2023 e escrita por Victor Chaffim com a arte de Eberton Ton. 

É uma fascinante fusão entre os elementos da cultura nordestina e o gênero pós-apocalíptico, que apresenta um sertão nordestino já devastado e repleto de horrores.

A arte é de criação de Eberton Ferreira (Estudio Ton) em colaboração com Sulluvan Suad (lápis), Josias Silveira (arte da capa), J. Herrero (arte final/cores) e Jefferson Alves (layout da capa).

A primeira parte em preto e branco traz contornos mais detalhados e únicos. Já na segunda parte a predominância é de cores e o uso de sombras, principalmente nas cenas de violência e terror. Os traços fortes que destacam o sofrimento humano, o desespero da luta pela sobrevivência e o terror, mas também transmite o peso emocional e psicológico da história. 

Na minha opinião, a escolha do sertão como cenário é estratégica e altamente simbólica. Por ser uma região marcada historicamente por adversidades, o autor transforma o ambiente em um personagem por si só. O sertão apocalíptico serve como um microcosmo das adversidades e desigualdades socias. 

Chaffim utiliza bem o gênero de terror para questionar até que ponto a humanidade pode resistir diante de tantos obstáculos - é um encontro insólito narrativo entre Glauber Rocha e George Romero.

Sertão dos Mortos é um excelente material que não apenas entretém, mas reflete a dureza da vida no interior nordestino em uma jornada de coragem e desespero. É um perfeito exemplo de como o regionalismo pode dialogar facilmente com o terror.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

Ovelha Negra

Ovelha Negra

Trazendo aqui essa incrível hq que se chama Ovelha Negra, uma obra adulta roterizada por Carlos Felipe Figueira com artes de Bertho Horn, publicado pela Editora Cafezal em novembro de 2023.

A história traz Márcio, um jovem extremamente tímido e introspectivo com problemas familiares. Ele é uma decepção ambulante e todos ao seu redor fazem questão de lembrá-lo disso constantemente e da pior maneira possível. Porém, durante uma reunião de família tudo pode acontecer...


Bom, a escrita de Carlos Felipe Figueira é envolvente e pesada, refletindo a opressão e a desesperança dos personagens. A arte de Bertho Horn contribui muito para isso, com traços expressivos e cores que reforçam o tom melancólico e violento da história. 

A narrativa visual é fluida, com quadros que complementam perfeitamente o texto, criando uma experiência imersiva para o leitor.

De bônus, têm a excelente Primeiro Ato, uma interpretação quase minimalista da criatividade dos pensamentos. Ela é curta, mas também impactante e poderosa.

Ovelha Negra não é apenas uma simples história em quadrinhos. Para mim ela envolve uma profundidade quase misantrópica sobre a resistência às pressões familiares e sociais - transmite expressão, ousadia e doses sombrias de emoção. 

Em julho de 2023 Ovelha Negra venceu o Prêmio Le Blanc na categoria História em Quadrinhos Independente Nacional, destacando-se como uma das melhores publicações do gênero no país.

Se você aprecia quadrinhos que exploram temas profundos em uma estética visual impressionante, Ovelha Negra é uma leitura indispensável. 

Ovelha Negra 

sábado, 18 de janeiro de 2025

Além do Véu da Verdade

Além do Véu da Verdade 

Esta coletânea foi publicada em novembro de 2024 e organizada por J.M. Beraldo, criador do universo de Véu da Verdade e autor renomado de Império de Diamante e Lead Game Designer da série Assassin's Creed.

A obra reúne treze autores nacionais de destaque. Cada conto se insere no vasto universo criado em 2017 por J. M. Beraldo. Esses contos transitam por batalhas espaciais épicas, encontros entre diferentes culturas cósmicas, civilizações alienígenas e até pitadas de horror cósmico e humor.

A lista de autores participantes impressiona: Oghan N'Thanda, Eduardo Kasse, Marcelo Augusto Galvão, Ana Lúcia Merege, Renan Bernardo, Felipe Castilho, Lu Evans, Octavio Aragão, Francisco Tupy, G.G. Diniz, Alexey Dodsworth, Gerson Lodi-Ribeiro, Fábio Fernandes. Cada um traz sua assinatura literária única, expandindo o conceito original criado por Beraldo e mostrando o equilíbrio perfeito entre a técnica e a criatividade dos contos.

Esta antologia não só apresenta uma variedade de estilos narrativos, mas também permite que os autores abordem de maneira inteligente, diferentes aspectos de um mesmo assunto, garantindo coesão e continuidade. 

Como organizador e também contista (ele assina quatro dos 18 contos existentes na antologia), Beraldo agregou diferentes perpectivas tornam a leitura muito mais interessante. Na minha leitura percebi que escolher um único conto seria uma tarefa ingrata, pois cada narrativa traz originalidade e riqueza; tentar destacar apenas um seria ignorar a grandiosidade do conjunto como um todo.

Enfim, com Além do Véu da Verdade, a ficção científica nacional ganha uma nova dimensão. Temos muito a oferecer em termos de criatividade e inovação dentro do space opera, por isso é uma leitura indispensável tanto para fãs scifi dos clássicos como Duna, Fundação ou Star Trek e Guardiões da Galáxia. É diversão garantida.

Além do Véu da Verdade 


quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

Os Lendários Cavaleiros da Magia - Sagas das Eras Esquecidas - livro III

Os Lendários Cavaleiros da Magia 

Trazendo aqui uma das melhores leituras de 2024. Os Lendários Cavaleiros da Magia é o terceiro volume da Saga das Eras Esquecidas da autora mineira Élida Ferreira Martins.

A trama da continuidade nos acontecimentos ocorridos nos continentes de Impéria, Jurássis e Lanória, onde os protagonistas enfrentam desafios que testam sua coragem e habilidades mágicas em lutas mortais e batalhas épicas.

Bom, neste último livro a caracterização do enredo trouxe aspectos fundamentais para a fluidez da leitura.  A autora é reconhecida por criar mundos ricos em detalhes que equilibram ação, romance e emoção. 

Sua escrita, bem tolkieniana, continua fluida mostrando uma evolução impecável e aprofundada dos textos. No decorrer da narrativa, ela trouxe citações bem alinhadas que dialogam perfeitamente com certos assuntos e reflexões sobre poder, heroísmo e esperança. 

Personagens como Adelfa, Taylor, Ulukai estão no seu ápice. Suas estratégias junto à outros Cavaleiros de várias Ordens são testados ao longo da jornada, à medida que enfrentam muitos desafios e obstáculos com ótimos "plot-twist". 

Devo destacar também a qualidade gráfica do livro. Com uma ótima diagramação e um belíssimo mapa, está edição com certeza irá agradar os fãs de literatura fantástica. 

Em síntese, Os Lendários Cavaleiros da Magia é realmente o melhor livro da trilogia. A conclusão da saga não apenas resolve as tramas e os segredos de tudo que envolve as Eras Esquecidas, mas também consegue trazer a aventura e a grandiosidade da fantasia old school.

 

"O mal existe no mundo há muito tempo. Pois há uma lei da magia que diz que toda grande energia boa é compensada por uma ruim de peso equivalente e vice-versa. E assim se mantém o equilíbrio. "

sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

Lendas: Vol. I - A Ascensão dos Perdidos

Lendas -  A Ascensão dos Perdidos


Leitura finalizada de "Lendas: Vol. I – A Ascensão dos Perdidos", uma coletânea de contos de fantasia elaborada por ML Lariucci e W.Garofle. Este livro mergulha no mundo de Immortals, onde a magia e os combates transcendem simples conflitos, transformando-se em épicas histórias lendárias. 

A obra é composta por nove contos que abordam temas centrais da literatura fantástica, como redenção, sacrifício, vingança e o incessante embate por poder e glória. As narrativas se desenrolam em terras antigas, através de mitologias orientais e as sombrias ruas da Era Vitoriana, enriquecidas com descrições vibrantes, detalhes elaborados e personagens complexos. 

A antologia começa seguindo Nikolai, um imortal atormentado por suas sombras internas, em um mundo repleto de caos e devastação. Dominado pelo rancor e vivendo em solidão, ele enfrenta provações que põem à prova sua força e resoluta determinação, enquanto busca a redenção e tenta entender seu papel no vasto universo. Nikolai se destaca como um dos meus personagens favoritos, junto a outros como Ravenlord e Le Sage. 

Embora todos os contos apresentem uma qualidade excepcional, os que mais me cativaram foram "Mary Jane Last Dance", "O Senhor dos Corvos", "Sinner", “Sweet Leaf” e "Fear of the Dark". Um aspecto marcante e inteligente da obra são as diversas referências à literatura, à cultura pop e ao Heavy Metal. Para mim, foi fascinante explorar a profundidade dos personagens e a construção do mundo ao som de Judas Priest, Black Sabbath e Iron Maiden. 
É importante ressaltar a inteligência e a habilidade dos autores em criar essas narrativas mais diferenciadas, um fator que enriqueceu significativamente as tramas.

"Lendas – A Ascensão dos Perdidos" é o primeiro volume de uma série que os autores planejam desenvolver baseado no primeiro livro O Cálice dos Hereges de 2024. Embora informações sobre futuros livros ainda não estejam amplamente disponíveis, esta antologia prepara o terreno para novas expansões deste universo concebido por Lariucci e Garofle. 

Para quem gosta de contos épicos com narrativas e personagens bem elaborados, esta obra é uma leitura preciosa e obrigatória que entretém na medida certa.

Lendas - A Ascensão dos Perdidos

quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Maretenebrae - A Queda de Sieghard

Maretenebrae - A Queda de Sieghard 

Maretenebrae - A Queda de Sieghard, uma obra de fantasia medieval escrito pelo autor L.P. Faustini e publicado em sua 3ª edição, agora pela Editora Avec em 2024.

A história começa quando um grande grupo de invasores desembarcam em Sieghard, vindos do Grande Mar - e aí cria-se a impressão de que o apocalipse se aproxima, especialmente ao observar a incapacidade do exército local em detê-los, resultando em pesadas perdas. No entanto, um grupo peculiar, composto por sete indivíduos completamente distintos, parece estar predestinado a vivenciar grandes aventuras antes que tudo desmorone.

Bom, o livro possui uma narrativa envolvente e detalhada que equilibra boas descrições com diálogos interessantes e fluentes. A prosa traz uma certa elegância, precisa, e por vez ou outra, lembra bastante a fluidez dos textos de Lin Carter e Michael Moorcock.

Para mim, a ambientação é um dos pontos altos do livro. As características dos cenários são meticulosas, permitindo ao leitor visualizar claramente os locais e sentir a atmosfera que permeia cada cena. Desde os castelos imponentes até as florestas sombrias, cada detalhe contribui para a imersão total da história.

O livro também apresenta bons elementos fantásticos que são essenciais para a construção do mundo e da trama. Magia, criaturas sobrenaturais e artefatos poderosos estão entre os componentes que definem o caráter épico da obra.

A presença carismática dos personagens ainda se mantém diversificada, complexa e divertida, com suas próprias regras, limitações e objetivos como num Rpg. As criaturas sobrenaturais, por sua vez, são descritas como uma mistura de encantamento e terror, proporcionando momentos de grande impacto na história.

Maretenebrae - A Queda de Sieghard é uma adição significativa à literatura fantástica. 

Tenho boas recordações quando li o livro pela primeira vez lá em meados de 2014, mais precisamente a 2ª edição. Fiquei feliz demais com a nova edição e com a belíssima arte da capa feita por Borisut Chamnan.

Por fim, L.P. Faustini entrega uma obra revigorada e que certamente vai deixar os leitores do gênero ansiosos pelos próximos volume da saga.

Recomendo demais!


Maretenebrae - A Queda de Sieghard 

quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

O Rei Celta: A Queda Para a Eternidade (vol.1) - Sussuros, Profecias e Promessas Vazias

O Rei Celta 

Escrito por ML Lariucci e publicado de forma independente em 2024 - a história apresenta McBrighton, um herói celta destinado a unificar a Britannia após anos de fragmentação sob o domínio romano. Desde jovem, McBrighton foi marcado por uma profecia dos Druidas de Ynys Sibrwd, que previram seu futuro como rei. Ele inicia uma jornada perigosa, enfrentando traições, desafios e alianças instáveis, com o objetivo de libertar os antigos soberanos bretões.

Bom, o autor aborda temas clássicos das narrativas épicas como liderança, sacrifício e a luta pela liberdade. O texto flui de maneira cativante, explorando temas históricos e ao mesmo tempo fantásticos de forma equilibrada. Além das profecias dos Druidas, ele também insere seres místicos e elementais da cultura celta. O mais interessante aqui é que a trama em si reforça a noção de que McBrighton está predestinado a liderar. Mesmo trazendo um contraste entre a sua vontade humana, o protagonista carrega para si um destino inevitável da imortalidade. 

As cenas de ação estão insanamente detalhadas e nitidamente vemos ótimas influências do Rpg em meios a ataques, defesas e táticas de batalha. 

O livro traz para os leitores lindas ilustrações e variados mapas históricos, além de um excelente apêndice e um glossário bem explicativo com expressões, nomes de lugares e seus significados. 

A obra é uma excelente expansão do universo de The Immortals com cenários e personagens marcantes. Com certeza irá agradar os fãs de épicos históricos e fantasia, especialmente aqueles que apreciam ambientações que mesclam política, misticismo e batalhas emocionantes.

Recomendo demais.

O Rei Celta 

terça-feira, 26 de novembro de 2024

Os Três Grandes Roubos de Camaleão - Saga das Eras Esquecidas - Livro II

Os Três Grandes Roubos de Camaleão - Livro II 

Na continuação da épica A Sombra de uma Ameaça, a escritora mineira Élida Ferreira Martins apresenta Os Três Grandes Roubos de Camaleão, livro publicado em meados de 2021. 

Aqui a autora mostra a história do enigmático ladrão de Impéria, Lárus de Zao, conhecido como Camaleão, cuja habilidade de se transformar e se misturar em qualquer ambiente é incomparável. Conhecido como o Mestre dos Disfarces, a trama mostra os grandes assaltos e personagens importantes em sua trajetória como Espartakus e Draco.

Cada roubo é mais ousado e complexo que o anterior, revelando não apenas a destreza de Camaleão, mas também os segredos obscuros de um mundo antigo, há muito esquecido. A trama se desenrola em um cenário rico e cheio de detalhes, onde as alianças são testadas e traições são inevitáveis. 

À medida que Camaleão executa seus planos meticulosamente, ele se depara com inimigos poderosos, boas lutas de ação e aliados inesperados, cada um com seus próprios motivos e segredos. No coração da história, está a busca de poder e redenção.

Considerando o aspecto "spin-off" neste segundo livro, posso afirmar que a autora encontrou um acerto narrativo muito bem dosado e interessante na trama. O intuito de poder entender melhor esse intrigante personagem, trouxe uma linguística textual mais investigativa e com boas referências clássicas de Rpg. 

Destaque também para a arte gráfica impecável do livro com o mapa ricamente detalhado dentro da capa e contracapa. Simplesmente genial. 

Os Três Grandes Roubos de Camaleão é uma fantasia medieval oldschool que consegue manter os leitores presos na história, mas também prepara para o terceiro e último livro da saga: Os Lendários Cavaleiros da Magia.

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Vikings - Nas Palavras dos Skalds

Vikings - Nas Palavras dos Skalds 


Trazendo aqui Vikings: Nas Palavras dos Skalds, antologia publicada pela Editora Draco em 2021 e organizada por Eduardo Kasse.

A obra reúne contos de quatro autores nacionais que exploram o fascinante universo dos vikings, seus mitos e lendas. O título faz referência aos skalds - poetas e bardos nórdicos responsáveis por preservar as histórias e tradições através de suas canções e poemas.

Bom, o livro como um todo, proporciona uma leitura extremamente fluida. Com descrições vívidas e sem perder o ritmo da narrativa, os contos compartilham temas comuns como a relação com o destino, a honra e o sentido da vingança e da morte. Apesar das diferentes abordagens de cada autor, cada uma delas possui sua característica primordial - o conceito central da mitologia nórdica.


Análise dos Contos

- Thóra, a Destemida.
Ana Lúcia Merege, escritora premiada e conhecida por seus trabalhos como a saga Athelgard e Os Pilares de Melkart: viagens de Balthazar e Lísias - conta a história de Thóra, uma jovem queijeira que encontra seres míticos e planeja seu próprio destino. O conto explora temas como a honra, destino e queijo! Seu texto é envolvente, construindo personagens empoderados e cenários que incorporam elementos fantásticos dando vida às lendas e as tradições vikings.

- O Tesouro de Idun
Aya Imaeda contribui com a história de Ulfhild, uma audaz guerreira que sai em busca de um tesouro escondido por Loki, mas algo não sai como o esperado. Com uma narrativa que equilibra ação e introspecção, o conto foca em personagens que enfrentam dilemas morais e escolhas difíceis. Seus diálogos capturam a essência e a espiritualidade nórdica, dando voz aos deuses de maneira que enriquece a narrativa.

- Eu sou Hella
Diego Guerra apresenta Kåre, o viking negro e sua mãe Yrsa, a capitã do Donzela das Ondas, e que juntos enfrentam um perigo sobrenatural na antiga cidade moura de Córdoba. O conto combina elementos de aventura com um forte senso épico. É um estilo mais sombrio e com uma narrativa que enfatiza a austeridade do mundo viking e traz também boas pitadas de suspense.

- O Velho Manco
Eduardo Kasse, organizador da antologia e autor de sagas como Vikings, Tempos de Sangue e narrativas históricas com elementos fantásticos, traz a história de Torgils, um homem que para muitos é apenas um louco, mas para outros um Sábio que ainda fala com os Deuses. Com diálogos e descrições selvagens, o conto incorpora bons elementos sobrenaturais em um final surpreendente, uma característica marcante do autor.


Todas as quatro histórias poderiam facilmente se tornar ótimas sagas, pois não é apenas uma coletânea de contos fantásticos sobre mitologia nórdica; é também uma ponte entre o passado e o presente, oferecendo uma oportunidade de reflexionar sobre nossas próprias vidas e dilemas por meio das histórias ancestrais dos deuses e heróis.


A edição da Editora Draco também merece destaque, com uma apresentação gráfica excelente com artes belíssimas feitas por Erick Sama.

Fiquei muito feliz em poder ler e apreciar Vikings: Nas Palavras dos Skalds. O livro nos mostra que, assim como os antigos escandinavos, ainda temos muito a aprender com as lições e desafios que os mitos oferecem, especialmente em tempos de incerteza e mudança.

Recomendo a obra para qualquer leitor que deseja explorar os mitos e lendas dos vikings com autenticidade e profundidade.

sábado, 2 de novembro de 2024

Vozes de um Túmulo

Vozes de um Túmulo 


Trago aqui Vozes de um Túmulo, antologia de contos escrita pelo autor Marcellus Sley e publicado pela Editora Palavra e Verso em 2024.

Aqui estão reunidas quinze histórias de terror e suspense onde a compreensão humana perante o sobrenatural é desfragmentada em formas de horror e desespero. A impressão que temos ao ler é uma mistura lúgubre de pesadelo e, porque não, beleza ao desconhecido. 

O autor desfila uma narrativa densa e muito bem dosada sobre assuntos diversos do sobrenatural. A solidão, a angústia e a dor da perda se misturam com criaturas e seres do além, dando realmente ao leitor a sensação de estarmos mergulhando num profundo e sinistro pesadelo. 

Obviamente que Sley segue a tradição dos mestres do horror clássico como Álvares de Azevedo e Edgard Allan Poe. Contudo, o autor consegue tornar a narrativa muito mais emblemática, original e fluida. Destaco também ótimas referências lovecraftianas, dando um toque a mais na obra, criando uma atmosfera densa e vitoriana.

Todos os quinze contos são incríveis, mas os meus preferidos são: O Andarilho Solitário, A Mansão do Cemitério, O Amor e o Crânio,  Angelina, Stephanie, Liliane e A Noiva Fantasma. Para mim, eles tiveram um significado mais profundo como a sensação de isolamento, loucura e a finitude da vida.

Vozes do Túmulo é uma agradável surpresa.  Uma leitura que dá ênfase na atmosfera decadente, explora a tensão emocional e o mistério. Uma viagem introspectiva que questiona a relação do ser humano com a mortalidade e os segredos ocultos da vida após a morte.

Recomendo demais.

"Transportar um cadáver com destino ao cemitério devia ser considerado uma bela ópera trágica. Sim! É a ópera da vida, estranho leitor. Se sua pessoa é um ser civilizado, saiba que qualquer dia desses será transportado para o sepulcro."

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Fábulas n°14 - Bruxas

Fábulas - Bruxas

Um título da Vertigo que indico como uma boa leitura de Halloween é a hq Bruxas n°14, publicado pela Panini em 2014 - parte da aclamada série Fábulas de Bill Willingham.

Aqui acompanhamos a continuação das aventuras e conflitos das personagens de contos de fadas exiladas em Nova York. Esse volume é marcado por novos desafios para a cidade das Fábulas, principalmente com o avanço de um novo vilão, o temido Senhor Escuro, que representa uma ameaça mortal para os personagens. O título “Bruxas” faz referência ao foco que a hq traz sobre as bruxas da Cidade das Fábulas, lideradas pela poderosa Frau Totenkinder, que se destaca como uma das personagens centrais nesta trama.

Para quem não conhece, a série Fábulas é uma hq que mostra uma reinterpretação dos contos clássicos, trazendo-os para um contexto mais adulto e sombrio. São personagens conhecidos dos contos de fadas que revelam outras facetas, indo além do bem e do mal e questionando o papel que desempenham nas histórias que todos conhecem.

A narrativa de Willingham se destaca pela obscuridade entre os personagens e pelo diálogo que oscila entre o drama e o humor, essencial para o ponto de equilíbrio da série que, embora fantástica, fala muito sobre dilemas humanos.

O estilo artístico de Mark Buckingham e Steve Leialoha carregam traços bem detalhados e expressivos. O design dos personagens, especialmente das bruxas e de seus ambientes, reforçam ainda mais a atmosfera mágica da trama. 

A hq também explora as nuances do poder, especialmente em relação às bruxas. As personagens mágicas da série não são divididas em estereótipos de bem ou mal, mas retratadas com uma complexidade ética que reflete escolhas difíceis e às vezes sombrias.

Enfim, Fábulas é uma leitura adulta e obrigatória para fãs de quadrinhos que apreciam a essência das reinterpretações de contos clássicos com uma abordagem realista e sombria.


"Quem sou eu?

Sou a coisa que mal se enxerga na penumbra, o ser sombrio no canto da sua vista.

Sou a criatura à espreita debaixo da cama do seu filho e escondida no armário dele.

Mesmo quando me encaixotaram e me guardaram com segurança, minha sombra tocava cada mundo, a alma de cada homem."