domingo, 26 de outubro de 2025

The Sellswords Trilogy

The Sellswords 

A Trilogia ThSellswords s é, para mim, uma das obras mais ousadas de R. A. Salvatore. 

Ela desconstrói o maniqueísmo do universo Forgotten Realms ao transformar "vilões" em protagonistas complexos e terrivelmente humanos. Além disso, autor equilibra muito bem combates eletrizantes e uma filosofia moral com rara destreza.

Jarlaxle e Entreri são espelhos distorcidos de Drizzt Do’Urden. Enquanto um luta para ser bom em um mundo cruel, eles aceitam o caos e procuram sentido dentro dele. 

Essa ambiguidade ética é o que eleva The Sellswords estar acima da média de uma simples trilogia de Fantasia. É uma reflexão sobre poder, solidão e a busca por identidade quando a redenção ainda não é possível.

Uma leitura essencial para quem aprecia Forgotten Realms e uma Fantasia bem old school.


sexta-feira, 24 de outubro de 2025

A Queda de Hance Kotton

A Queda de Hance Kotton 

Publicado em 2023 e escrito pela autora D. Hoff, o livro traz uma narrativa que mergulha fundo em elementos de brutalidade, delineando a decadência moral e a inevitabilidade da ruína. 

A história acompanha Hance Kotton, um guerreiro que já foi um general em batalhas contra hordas bárbaras, mas que ao longo da trama vai se despindo de sua aura heróica para revelar sua verdadeira essência marcada pelo ego e pela incapacidade de reconhecer seus próprios limites.

Desde as primeiras páginas, a autora deixa claro que não está interessada em confortar o leitor. A queda do protagonista não é apenas física ou política, mas sobretudo espiritual, um mergulho em camadas cada vez mais sombrias de sua própria alma.

O estilo de D. Hoff alterna entre descrições densas e diálogos diretos. Ela sabe construir atmosferas opressivas: os cenários são fétidos, pútridos e cheios de presságios, lembrando às vezes as ambientações de A Companhia Negra de Glen Cook e também A Primeira Lei de Joe Abercrombie.

Gostei muito da atmosfera opressiva do universo de Trakar. A complexidade psicológica do protagonista, a narrativa textual de diversos personagens e as bizarras hordas Bhaks, fazem com que a obra consiga dialogar com o gênero Dark Fantasy sem parecer mera cópia.

A Queda de Hance Kotton é uma obra brutal, sem concessões e profundamente trágica. O livro não oferece tranquilidade ao leitor, apenas a experiência ácida de um homem amargurado, sarcástico e monstruoso. Para quem aprecia narrativas sombrias e densas, é uma leitura que ecoa na mente muito depois da última página.

sábado, 18 de outubro de 2025

The Serpent's Bargain - Warhammer Age of Sigmar

The Serpent's Bargain 

Considerando o vasto e brutal cenário de Warhammer 40K, um universo de sangue e aço dominado pelos bolters dos Space Marines, minha curiosidade se voltou para as terras míticas dos Reinos Mortais de Age of Sigmar e, em particular, pela trama densa de The Serpent's Bargain, escrita pela autora Jamie Crisalli.

O conto foi publicado originalmente na antologia Inferno! Volume 4 - Tales from the Worlds of Warhammer da editora Black Library em 2019. 

A história apresenta Laila, uma camponesa da humilde vila de Varna no reino de Ghyran. ​Quando a aldeia começa a ser devastada pelos corruptores de Nurgle e Slaanesh (Deuses do Caos), Laila decide não se render. Com os anciãos passivos e os guerreiros ausentes, ela se une ao seu velho amigo Stefen e ao enigmático soldado Ano para buscar a única esperança restante - os Faire Ones, seres lendários que detestam o Caos.


Então, é uma leitura simples e envolvente. Gostei bastante de pontos importantes que contribuem para a história como a atitude e o carisma da protagonista. 

Os conceitos do universo de Age of Sigmar (a vertente de Warhammer à qual pertence a história) são geralmente apresentados e explicados de maneira orgânica na narrativa, através dos olhos dos personagens. Crisalli insere o leitor nos perigos dos Reinos Mortais por meio da perspectiva de Laila que também está descobrindo esses perigos.

Sem entrar em spoilers mais pesados, The Serpent's Bargain cumpre com maestria o título da obra: o pacto serpentino, o acordo impossível entre a salvação e a ruína. A "barganha" feita por Laila se revela como um espelho da condição humana diante do divino. 

O desfecho é melancólico e inevitável. Talvez mais trágico que épico e é justamente isso que o conto torna a leitura memorável. Até mesmo porque no universo Warhammer não há milagre sem dor e nem salvação sem custo.

quarta-feira, 15 de outubro de 2025

Hammerfall: Crônicas de um Guerreiro do Norte (Vol. I)

Hammerfall  - Crônicas de um Guerreiro do Norte 

Do autor e tatuador Hewerton Kavera, trago aqui a leitura finalizada de Hammerfall: Crônicas de um Guerreiro do Norte, publicado de forma independente em 2025.

Neste primeiro volume, somos apresentados a Erik Hammerfall, um guerreiro moldado pela guerra e pela solidão do Norte gelado e implacável. Em oito contos temos várias aventuras de luta, magia e seres fantásticos, onde o universo frio e cruel se torna um terreno fértil para a ascensão e ruína de heróis.


Bom, o livro superou todas as minhas expectativas. A narrativa surpreende por sua variação, mesmo sendo uma coletânea de contos focados em um único personagem. Ele pode ser um errante brutal e em outro, um defensor de causas perdidas. Esta adaptação permite que a trama construa o perfil de Hammerfall de forma multifacetada, revelando sua astúcia, brutalidade e, por vezes, seu lado mais introspectivo e melancólico.

Cada conto apresenta um novo desafio para o protagonista, desde confrontos viscerais em calabouços escuros a embates com criaturas lovecraftianas. Uma das coisas que mais me agradou no livro foram os trechos mais poéticos como "O Vale" e "Valquíria" que, na minha opinião, ficou incrível e trouxe uma áurea mais "Edda" mesmo com influências pulp.

A arte gráfica se destaca de maneira notável. Embora eu tenha notado certas referências ao poderoso estilo Death Dealer de Frank Frazetta, Kavera traz uma dose de talento e originalidade em traços e uma visão singular do nórdico.

No geral, Hammerfall: Crônicas de um Guerreiro do Norte - vol. I é uma estreia promissora que indica que o autor possui um potencial significativo pela frente. 

Mal posso esperar para ver o que ele fará a seguir e, sem dúvida, é um bom começo!

quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Pathfinder Tales - A Bruxa Invernal

Pathfinder Tales - Bruxa Invernal 

Trazendo aqui A Bruxa Invernal da série Pathfinder Tales, publicado originalmente em 2010 e lançado no Brasil pela Editora New Order em 2023. 

A história acompanha Ellasif, uma guerreira bárbara e o jovem Declan Avari, um cartógrafo que unem forças para uma missão de resgate em que enfrentarão a fúria de monstros, guerreiros e muita magia.

A autora Elaine Cunningham, conhecida por seus trabalhos em Elfshadow, Evermeet e outros mundos de Forgotten Realms, traz uma aventura mais sombria e visceral, ambientada nos reinos do norte de Golarion, universo de Pathfinder. Ela criou um worldbuilding fascinante que explora a atmosfera glacial como um motor dramático que dita decisões e jornadas. 

Para os fãs do rpg Pathfinder, trata-se de uma leitura quase obrigatória. O cenário ganha textura e as lendas se materializam com ótimas idéias e oportunidades para desenvolver uma boa campanha de mesa. Para os leitores de fantasia em geral, é recomendável como uma história de aventura bem construída e com os típicos clichês do gênero fantasia: batalhas intensas e diversas criaturas épicas de tirar o fôlego.

Meu ponto positivo em relação a edição da New Order é o formato de bolso (estilo pocket book ou paperback) - muito mais prático, fácil de manusear e ler.  Já a tradução de Joyce Dantas está impecável por manter a fluidez do texto original e a revisão de Bernardo Stamatto (autor da saga A Era do Abismo) garantiu consistência na terminologia própria do cenário. 

Eu também espero que a editora traga mais livros de Pathfinder Tales, principalmente com os trabalhos dos autores Dave Gross (Lord of Runes/Master of Devils) e Howard Andrew Jones (Plague of Shadows).

Enfim, A Bruxa Invernal é um livro de fantasia que cumpre sua proposta: oferece uma aventura envolvente e que entretém na medida certa. Não é uma obra que rompe padrões narrativos, nem pretende inovar ou reinventar o gênero, mas consegue agregar e ter inspirações para uma leitura boa e divertida.

terça-feira, 30 de setembro de 2025

A Bandeira do Elefante e da Arara

A Bandeira do Elefante e da Arara 


Trazendo aqui A Bandeira do Elefante e da Arara, de Christopher Kastensmidt, publicado pela Editora Avec em 2025, onde traz onze novelas em que a voz narrativa busca misturar o épico e o folclórico. 

A obra privilegia a construção e as referências folclóricas ao imaginário brasileiro e isso é seu maior acerto, pois o livro não se apresenta como uma fantasia distante, mas como uma aventura que nasce de nossas próprias raízes.

A sensação inicial é a de que o RPG aqui não apenas convida a rolar dados, mas a caminhar pela cultura nacional, onde mitos e personagens se tornam companheiros de jornada. 

O enredo tem ares de um epopeia antológica, mas também guarda certa leveza na narrativa que faz com que o leitor sinta-se parte da descoberta — um explorador curioso diante de um território mágico. Destaque? Adorei as onze histórias mas, "A ameaçante aparição da Mula sem Cabeça" e "O catastrófico final das façanhas brasileiras de Gerard e Oludara" são os meus preferidos. 

A escolha de um protagonista estrangeiro como Gerard Van Oosy permite que tanto o autor quanto o leitor abordem o Brasil com um olhar de descoberta e fascínio, sem o peso de uma perspectiva nativa já integrada ao cenário. 

Recomendo demais a nova edição de A Bandeira do Elefante e da Arara que brilha como peça de criação de universo — é inspiradora, sensorial e ideal para quem quer transpor o folclore e a história brasileira para os jogos de mesa.

segunda-feira, 22 de setembro de 2025

Crônicas de Dragonlance - Dragões do Alvorecer da Primavera

Dragões do Alvorecer da Primavera 

A primavera se anuncia como a estação do renascimento. É quando a rigidez do inverno se dissolve e cede espaço ao despertar da renovação.

Em Crônicas de Dragonlance – Dragões do Alvorecer da Primavera (1985) esse mesmo movimento se repete. O título já carrega a idéia de recomeço: um “alvorecer” que não pertence apenas à natureza, mas ao próprio espírito de Krynn, em sua luta contra as forças dracônicas de Takhisis. Após o inverno da guerra, os companheiros de Solace avançam em direção ao incerto, guiados por coragem, amizade e pelo vislumbre de esperança que insiste em não se perder de vista.

Tanis e Laurana se veem diante de escolhas que moldam destinos; Raistlin carrega sua ambição como uma chama frágil, pronta a crescer ou se apagar; Caramon, Flint e Tasslehoff lembram que o riso e a lealdade podem ser o alicerce até mesmo nas batalhas mais sombrias. 

Assim como a primavera rompe o silêncio do inverno, esses heróis se erguem contra a escuridão, lembrando-nos que a vida sempre encontra um caminho para renascer.

Em Dragões do Alvorecer da Primavera, Margaret Weis e Tracy Hickman trouxeram para a narrativa um canto de resistência. É um lembrete de que por mais densas sejam as trevas, sempre haverá auroras de glória — e nelas, a promessa única de esperança, renovação e fé.

sexta-feira, 19 de setembro de 2025

Crônicas Dilapidadas

Crônicas Dilapidadas 

Impressões de leitura – Crônicas Dilapidadas 

Leitura beta finalizada de Crônicas Dilapidadas e a sensação é de ter viajado por um universo riquíssimo, onde mitologia tupi-guarani, sertão e fantasia épica se entrelaçam com deuses, criaturas do folclore e reinos distantes. 

Os personagens — Kael, Makuna, Holdran, Brumael — são carismáticos e conduzem bem a jornada contra Faeer-wa, a entidade ancestral que ameaça o mundo de Palmas.

A estrutura a narrativa em capítulos lembra um pouco o estilo de As Crônicas de Gelo e Fogo. O resultado é um ritmo variado que alterna batalhas intensas junto com diálogos e momentos de reflexão mitológica. Um dos pontos altos é o worldbuilding, capaz de unir cosmologia indígena e criaturas do folclore como Curupira e Teju Jagua.

O autor Leandro Sarnik mistura registros, expressões populares e ditos nordestinos que convivem com passagens de tom épico e poético. Destaque também para a arte belíssima da capa feita pelo ilustrador Gustavo Garcez

Tematicamente, a obra se ancora na ancestralidade, resistência cultural, preservação ambiental, a tensão entre divino e humano e ao uso predatório da tecnologia. Esses elementos emergem de forma natural, reforçando a potência crítica do texto.

Enfim, Crônicas Dilapidadas é uma fantasia promissora que alia criatividade, identidade cultural e uma ambição narrativa. Com alguns ajustes na revisão obviamente, a obra tem tudo para agradar os fãs de literatura fantástica. 

Entaão vamos aguardar por esse futuro lançamento, pois com certeza será algo bem diferente e interessante. 

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Maretenebrae: O Flagelo de Denerssus

Maretenebrae 2 - O Flagelo de Dernessus 

Publicado pela Avec Editora em 2024 e escrita por L.P. Faustini - este segundo volume amplia o universo iniciado em A Queda de Sieghard e mergulha ainda mais fundo na intrincada trama de poder, profecias e sacrifícios.

O início transporta o leitor ao passado, revelando o drama de Marcus II diante das profecias que cercam seu filho recém-nascido e a sombria tradição da Purgação.

A narrativa então retorna ao ponto exato em que o primeiro livro foi finalizado com resoluções e pequenas missões aos personagens Petrus, Chikára, Sir Heimerich, Formiga, Braun e Roderick. As primeiras partes alternam entre passado e presente, enquanto o epílogo conecta de maneira instigante este volume ao próximo.


Bom, assim como A Queda de Sieghard, eu conheci a primeira versão de O Flagelo de Denerssus em meados de 2018 e, posso dizer que a nova edição está impecável - tanto no design gráfico quanto na arte da capa feita por Borisut Chamnan.

A escrita mantém o ritmo envolvente e entrega momentos intensos de ação, embora sofra uma leve desaceleração na metade da obra. No entanto, essa "pausa" funciona como prenúncio para um desfecho eletrizante, repleto de enigmas revelados, batalhas épicas e reviravoltas que deixam o destino dos protagonistas mais incerto do que nunca.

O autor surpreende ao colocar momentos chave, novos elementos fantásticos e textos que engrandecem a narrativa. O resultado? É uma leitura que equilibra emoção, tensão e mistério, encerrando-se com a sensação agridoce das vitórias e perdas dos personagens, além da certeza de que a verdadeira batalha está apenas começando.

Sendo assim, O Flagelo de Denerssus consegue mesmo em meio a brutalidade e a ruína dos eventos, uma áurea filosófica e existencialista – o que confere ao livro uma profundidade rara e tênue dentro da fantasia contemporânea.

quarta-feira, 27 de agosto de 2025

Fim e o Recomeço dos X-Men

Queda de X - Os Fabulosos X-Men 

Em X-Men – A Queda de X nº 83, testemunhamos o encerramento de uma era intensa e dramática, onde alianças foram testadas, heróis caíram e o sonho de Xavier estremeceu diante de inimigos antigos e novos. Uma edição que fecha portas… mas também abre feridas.

E, das cinzas dessa queda, nasce Os Fabulosos X-Men nº 1 – Renascido das Cinzas… Um Novo Começo. Uma nova equipe, novos desafios e a promessa de que, enquanto houver esperança, os X-Men lutarão — não apenas por sua sobrevivência, mas pelo futuro de todos.


Vale a pena a leitura da última edição de A Queda de X. Já a nova está bem interessante, principalmente para quem está iniciando dentro do universo dos mutantes.


sexta-feira, 22 de agosto de 2025

A Essência Perdida

A Essência Perdida 

Publicado e escrito originalmente em 2017, pelo autor mineiro Sario Ferreira, a trama segue Kirion e Sagrarius que retornam em uma missão que atravessa a perigosa selva de Prismia, em busca do mago Lanko — e da salvação de Yumura, perdido em outro mundo.

Mas a floresta cobra um preço alto: fome, sede e delírios testam os heróis tanto quanto as feras que espreitam. Cada passo adiante revela que o verdadeiro desafio não é apenas resgatar um amigo, mas enfrentar as consequências de suas escolhas. Enquanto isso, Yumura, separado de seu mundo, começa a perder a conexão com sua própria essência — e o tempo corre contra ele.


Bom, quando iniciei a leitura, o prórpio autor havia me falado qual seria o ritmo do segundo volume: "ele sai das aventuras clássicas de D&D e parte para aqueles aventurões de exploração por terras ermas, temperado por tretas numerosas e de diversos tipos, das físicas e psicológicas..." e foi por aí mesmo.

Gostei muito desse segundo volume da trilogia. As narrativas transitam entre as ótimas cenas de ação e de lutas com a contemplação simples e vasta das paisagens épicas. As descrições minuciosas da primeira metade do livro, embora densas, constroem uma atmosfera vívida e com boas influências da fantasia clássica tolkieniana. 

Na reta final o livro dá uma acelerada, mas de forma coerente. As cenas ficam surpreendentes, as batalhas intensas e as revelações se tornam poderosas. É aqui que o autor Sario Ferreira traz toda a sua habilidade dentro da trama, valorizando os personagens e a ambientação com maestria.

Tratando-se de uma obra fantástica e independente, Sagraerya – A Essência Perdida transcende o rótulo de fantasia old school. A narrativa não apenas recupera elementos clássicos do gênero, mas também renova. Ela convida à reflexão sobre o que nos mantém ligados ao mundo e às pessoas que amamos. 

Recomendo demais!

quarta-feira, 30 de julho de 2025

Dragões da Trapaça e do Acaso 

"Ele portou a Lança de Dragão, ele tomou a história, 

O calor pálido correu por seu braço que se erguia

E o sol e as três luas, esperando maravilhas, 

Pararam juntos no céu,

Rumo ao oeste, Huma cavalgou, até a Torre do Alto Clérigo 

Montado no Dragão de Prata,

E o trajeto de seu voo cruzava um país desolado 

Onde apenas os mortos caminhavam, murmurando nomes de dragões.

E os homens na Torre, cercados e atacados por dragões,

Pelos berros dos moribundos, o rugido no ar voraz,

Esperavam o silêncio indescritível,

Esperavam muito pior, temendo que o choque dos sentidos

Terminaria em um momento de nada

Onde a mente se deita com suas perdas e escuridão."


Canção de Huma

quinta-feira, 17 de julho de 2025

Lendas Volume 2: A Canção do Realejo

Lendas Volume II - A Canção do Realejo 

Trazendo aqui mais uma resenha em parceria com os autores Marcos Lariucci e Wendell Garofle. 

Em Lendas Volume 2: A Canção do Realejo, publicado em abril de 2025, o leitor é lançado à Irlanda do século XI, onde um náufrago sem nome e sem passado chega à costa carregando apenas uma espada embrulhada em trapos e um propósito envolto em mistério: encontrar a Filha da Lua.

A escrita evoca uma atmosfera densa e bons momentos de suspense e sensualidade. Os textos estão mais evidentes favorecendo a sugestão ao invés da ação direta. A força da obra reside na ambiguidade do misticismo influenciado por Alestier Crowley e na jornada emocional de um homem em ruínas, cuja busca externa reflete um conflito interno mais profundo.

A premissa, carregada de simbolismo, se desenvolve em um cenário onde o real e o mítico se confundem. Tudo aponta para um destino que tanto pode significar redenção quanto destruição.

A obra traz uma construção mais envolvente e atmosférica. Cada linha está no equilíbrio da ação e na tensão entre os personagens. Mesmo sendo sombrio e lírico, há ótimas referências à canções de Metal sendo uma característica marcante na escrita dos autores. Temos como exemplo títulos como Moonchild e Sob o Signo do Cruzeiro do Sul, os meus preferidos. 

Enfim, Lendas Volume 2 - A Canção do Realejo traz uma narrativa extremamente interessante e instigante. Não deixa de ser uma leitura breve, porém intensa — como um sussurro que permanece mesmo após o silêncio final.


"Sim, e eu sou o perigo, sou o estranho. E eu, sou a escuridão, sou a raiva, sou a dor. Então, ouça o que eu digo. Não fale com estranhos. E se, algum dia, algum estranho cruzar seu caminho, não olhe nos olhos dele; e se ele te chamar, não o deixe sussurrar seu nome. Se um dia, alguém te pedir ''𝑙𝑖𝑏𝑒𝑟𝑡𝑒-𝑚𝑒 𝑑𝑒 𝑚𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑜𝑏𝑟𝑖𝑔𝑎ção', apenas repita este nome - e ele sussurra um nome antigo no ouvido do garoto - nunca se esqueça deste nome."

quinta-feira, 3 de julho de 2025

Immortals – O Sacrifício dos Puros

Immortals - O Sacrifício dos Puros 

Segundo volume da saga, criado pelos autores Marcos Lariucci e Wendell Garofle, publicado no final de março de 2025. 

A narrativa acompanha os personagens McBrighton e Nikolai, ambos marcados por um passado trágico e por destinos entrelaçados com antigas profecias e lutas milenares.

Neste segundo livro o tema é o sacrifício em nome de um bem maior — uma constante reflexão sobre poder e imortalidade. 

Os autores usam questões morais complexas: até que ponto vale a pena salvar o mundo se for preciso perder a si mesmo?

A escrita de Lariucci e Garofle continua ágil e fluida, alternando entre momentos introspectivos e sequências de ação com aquele ritmo cinematográfico de tirar o fôlego. Há também um uso estratégico de cliffhangers que, de maneira inteligente, mantêm a tensão narrativa constante.

A ambientação medievalista, reforça um senso de decadência que permeia o livro — o mundo à beira do colapso, salvo apenas por aqueles dispostos a se sacrificar num universo onde seres demoníacos e híbridos coexistem em segredo, entrelaçando o antigo com o sobrenatural.

A obra está repleta de simbologia ligada a conceitos como “luz e trevas” e “imortalidade”. Assim como no primeiro volume, ainda é possível identificar influências de diversas mitologias da tradição cristã/pagã a elementos do ocultismo, mas sempre reinterpretadas com identidade própria.

As referências narrativas à canções e bandas de Rock/Metal continuam mais marcantes e por representar arquétipos poderosos da literatura fantástica. Vale destacar que a edição continua tão linda e impecável quanto a primeira com ótima diagramação e belíssimas ilustrações internas de encher os olhos.

Enfim, O Sacrifício dos Puros fecha muito bem a saga Immortals como uma fantasia madura, intensa e emocionalmente carregada. É um romance sombrio, cheio de reviravoltas, com um subtexto poderoso sobre sacrifício e escolhas que reverberam para o bem ou para o mal.



sábado, 21 de junho de 2025

Crônicas de Dragonlance - Dragões da Noite de Inverno

Dragonlance - Dragões da Noite de Inverno 


"O inverno chegou. Com ele, o silêncio da neve e o rugido dos dragões." – Crônicas de Dragonlance.

A estação do frio nos alcança como em Solace, quando o mundo parecia congelar não apenas por fora, mas por dentro.

Em Dragões da Noite de Inverno, os heróis aprendem que há invernos que não se vencem com espadas — mas com laços, memórias e fé no calor que ainda vive em cada um.

Assim como em Krynn, também nós atravessamos paisagens geladas — externas e internas.

E talvez o segredo esteja em não temer o inverno, mas em ouvi-lo.

Ele nos ensina a esperar, a persistir, a recomeçar.

Que este inverno traga páginas viradas à beira do fogo… e a lembrança de que até mesmo as noites mais frias guardam o brilho das estrelas.


quarta-feira, 18 de junho de 2025

Sir Christopher Lee

Christopher Lee


Christopher Lee (1922-2015) foi um ator britânico conhecido por sua versatilidade como ator, escritor e cantor de opera e de Heavy Metal.

Poucos sabem, mas ele amava o Metal como um gênero musical que conseguia representar a fantasia de uma maneira poderosa e verdadeira em suas notas.

Aqui está apenas alguns dos seus trabalhos autorais e com outras bandas de Metal:




Albums

  • Christopher Lee Sings Devils, Rogues & Other Villains (1998).
  • Revelation (2006).
  • Charlemagne: By the Sword and the Cross (2010).
  • Charlemagne: The Omens of Death (2013).

EPs

  • A Heavy Metal Christmas (2012).
  • A Heavy Metal Christmas Too (2013).
  • Metal Knight (2014).

Singles

  • Let Legend Mark Me as the King (2012).
  • The Ultimate Sacrifice (2012).
  • Darkest Carols, Faithful Sing (2014).



Com Rhapsody


  • Symphony of Enchanted Lands II: The Dark Secret (2004), como narrador.
  • Triumph or Agony (2006), como narrador e Lothen.
  • The Frozen Tears of Angels (2010), como narrador e Lothen.
  • The Cold Embrace of Fear - A Dark Romantic Symphony (2010), como Wizard King.
  • From Chaos To Eternity (2011), como Wizard King.



Com Manowar

      -  Battle Hymns MMXI (2010).
 
Album de 2014

fonte: wikipedia.

terça-feira, 17 de junho de 2025

Araruama - O Livro das Semente

Araruama - O Livro das Sementes 

Publicado originalmente em 2017 e depois pela Avec Editora em 2024, o livro é o primeiro volume da série escrita por Ian Fraser, que nos transporta para um universo de fantasia inspirado nas culturas e mitologias dos povos mesoamericanos.

A narrativa acompanha cinco jovens — Kaluanã (nasceu para uma vida longa que transcende os números), Obiru (um capanema destinado a uma morte prematura), Apoema (possui a habilidadede ver o futuro e sonha em voar), Eçai (é descrito como um jovem tranquilo) e Batarra Cotuba (é o gigante gentil e protetor) — que se preparam para o Turunã, um ritual de passagem para a vida adulta. Cada personagem possui características e destinos únicos, entrelaçados em uma jornada que busca manter o equilíbrio da floresta diante de forças sombrias que ameaçam a harmonia de Ibi, a terra.

Fraser traz um mundo rico e fantástico com elementos interessantes como a magia das palavras, criaturas míticas e uma cosmologia própria. A escrita remete a textos míticos, proporcionando uma sensação de transcendência e conexão com algo maior. A ambientação é profundamente enraizada nas tradições indígenas, oferecendo uma perspectiva única dentro do gênero de fantasia. 

Encontrei fluidez e dinâmica à introdução de diversos conceitos novos. A estrutura narrativa está bem alternada entre os pontos de vista dos protagonistas, buscando ótimos conceitos folcloricos durante a leitura.

Para mim, o livro compõe muita originalidade e solidez. Meu destaque maior é a imersão proporcionada pela história e o desenvolvimento dos personagens ao longo da trama. Vale também destacar as belíssimas ilustrações internas feitas por Paulo Torinno e Lai Santos que trazem um brilho ainda mais especial a obra.

Enfim, Araruama - O Livro das Sementes oferece uma experiência literária única, mergulhando o leitor em um mundo fantástico que celebra muito bem as culturas indígenas das Américas.

Araruama 

sexta-feira, 13 de junho de 2025

Preacher: A História de Você-Sabe-Quem

A História de Você-Sabe-Quem 

Ainda falando de Preacher, fiz uma releitura da origem de um dos personagens mais criativos e bizarros do universo de Preacher, Arseface mais conhecido pelo infame nome cara-de-c*. 

Publicado originalmente por aqui em 1999 e desenhada por Richard Case, a hq é quase uma fábula dos anos 90 e muito bem desenvolvida por Garth Ennis.

A história mostra Eugene "Arseface" Root, um típico adolescente que vive fumando baseado, fã de grunge e da banda Nirvana. Seu pai, conhecido como o xerife Root, é um alc0ólatra extremamente violento e racis7a, e sua mãe vive no tédio de um casamento fracassado e procura afogar suas frustrações no álcool e na igreja. 

Ennis consegue trazer momentos surreais como o desinteresse de vida de Eugene, o bulling sofrido na escola e os momentos caóticos com o seu amigo Pube. 

São diálogos sem intersecções, pretensões moralistas ou filosóficas - é tudo muito turbulento e bizarro.

Cada ato traz um título de uma música como se fosse uma trilha sonora para cada acontecimento na vida de Eugene. Temos inicialmente "A Day in the Life" Beatles, "Rebel Rebelde" David Bowie, "New Horizons" The Moody Blues e finaliza com o clássico álbum"Nevermind" do Nirvana. 

De qualquer modo, a história busca o seu cerne: ser uma narrativa esdrúxula e de humor ácido. Entretanto, por ser uma hq adulta e cheia de "gatilhos", ela incomoda em certos pontos.

Arsene é, na verdade, uma das críticas mais afiadas que Preacher faz à cultura de celebridades dos anos 90 - transforma tragédia em espetáculo e consome a dor alheia com falsa compaixão.

quarta-feira, 11 de junho de 2025

Preacher 30 anos

 

Preacher 

Criado por Garth Ennis e Steve Dillon, Preacher não foi apenas um quadrinho polêmico; foi um divisor de águas. Seu impacto reverbera até hoje, abrindo caminho para narrativas mais ousadas, complexas e sem concessões. É uma história sobre fé, amor, amizade, redenção e, claro, caos absoluto — contada de uma sinceridade brutal, capaz de chocar e emocionar na mesma medida.

Três décadas depois, Preacher continua sendo uma das maiores expressões dos quadrinhos como meio narrativo, influenciando gerações de leitores, roteiristas e artistas. Uma obra irreverente, desconfortável, necessária — e, acima de tudo, inesquecível.

quarta-feira, 28 de maio de 2025

The Shadow Rising 

E não é que a Roda girou... e parou? Sim, veio aí a notícia que muitos temiam (ou já esperavam): A Roda do Tempo foi cancelada.

A série se encerra antes de chegar no que, pra muitos fãs, é o ponto onde tudo realmente começa a fazer sentido: o quarto livro, The Shadow Rising (A Ascensão da Sombra).

E que ironia amarga porque é justamente sobre crescimento, revelações e assumir o próprio destino. É o livro que muda tudo. É quando Rand, Egwene, Mat e cia. deixam de ser só fugitivos, peças de profecias ou aprendizes do que quer que seja, e passam a ser donos do próprio caminho — mesmo que esse caminho esteja cheio de areia, segredos e cicatrizes.

Olhar hoje para capa desse livro é quase simbólico. 

A arte de Darrel K. Sweet não representa uma cena exata do livro – é mais uma interpretação geral do grupo no Deserto Aiel. Sentado à esquerda, com um copo na mão é Mat Cauthon. Em pé no centro, é Rand al’Thor. Ajoelhada, mexendo no fogo, de vestido azul claro, é Moraine Damodred. No fundo, junto aos cavalos, o homem de capuz e capa é Lan Mandragoran.

Parece quase um lembrete cruel e melancólico: a série nunca chegou lá. Nunca contou essa parte. Nunca mostrou os Aiel em sua profundidade, nem revelou as verdades escondidas no deserto, nem deixou Rand encarar de frente quem ele realmente é.

E, sinceramente? Isso dói. Porque sim, a série tinha problemas — muitos, aliás. Mas também tinha coração. E, de alguma forma, mesmo nas escolhas mais polêmicas, carregava uma faísca da grandiosidade que existe nos livros. 

O fim dela deixa aquele gosto amargo de jornada interrompida. Mas também reforça uma verdade que todo leitor da Roda do Tempo aprende cedo ou tarde: algumas estradas você precisa trilhar sozinho. Ou melhor, com um livro nas mãos.

E assim como Rhuidean, a gente ainda pode (e deve) atravessar esse deserto. Porque as respostas estão lá, esperando. 

E a Roda... bem, a Roda sempre continua girando.


quinta-feira, 22 de maio de 2025

O Ídolo de Sothakiir

O Ídolo de Sothakiir 

O conto escrito por Sario Ferreira faz parte da Saga Sagraerya - série de três livros (O Despertar do Paladino, A Essência Perdida e A Promessa Anã) que acompanha a jornada fantástica do paladino Sagrarius.

Publicado originalmente na revista Dragão Brasil nº 152 em fevereiro de 2020, O Ídolo de Sothakiir é uma prequel canônica da saga. Aqui o foco são nos personagens Sania D'flail e no anão Axem do clã Brodick, revelando eventos anteriores à fundação da Ordem da Luz. Eles enfrentam desafios que testam não apenas suas habilidades físicas, mas também seus valores e crenças.

Embora esteja inserido no universo da saga, o conto possui uma descrição independente, permitindo que novos leitores se familiarizem com o mundo de Arya sem necessidade de uma leitura prévia dos livros principais.

É uma leitura agradável no melhor estilo old school da Fantasia. Com boas cenas de luta, a narrativa mostra temas como a fé e o sacrifício, elementos recorrentes nos textos da trilogia. Destaque também para a belíssima arte de capa ilustrada por Samuel Marcelino. 

Se você aprecia fantasia com elementos de RPG e narrativas envolventes, O Ídolo de Sothakiir é uma excelente introdução ao estilo de Sario Ferreira e ao universo de Sagraerya.


"Encontrem a Lua para encontrar 

o Sol que ele não encontrou.⁣

Cavalguem pela noite infindável ⁣

sobre nuvens ondulantes."


O Ídolo de Sothakiir

quinta-feira, 8 de maio de 2025

Os Feiticeiros da Luz Sinistra

Os Feiticeiros da Luz Sinistra 

Os Feiticeiros da Luz Sinistra, escrito e publicado de forma independente pelo autor Dylan Batista. 

A narrativa do livro acompanha Tasdra, um feiticeiro roqueiro, que enfrenta entidades mágicas em busca de seu amigo desaparecido.

Dylan usa bons elementos literários, quase cinematográficos. Você consegue "ver" a cena, como se estivesse assistindo a uma animação ou game. Sua escrita traz uma base sólida e bastante promissora. Embora ainda apresente características típicas de um texto em estágio inicial, há uma boa estrutura textual e uma voz autoral em desenvolvimento. 

Gostei muito do conceito da "luz sinistra" como fonte de poder e conflito, pois é inovador e interessante. Não é o bem contra o mal de forma maniqueísta, mas sim uma disputa por uma essência que representa desejos humanos profundos.

Achei muito interessante Lumea Lumini, a cidade dos feiticeiros. Ela é moldada por sonhos e criações da psique humana - vive, se transforma e desafia constantemente o protagonista. Há também outros bons personagens como Lysnick, Pallathan e Dlya que também se encontram nesse ambiente onde a mente e a percepção criam a realidade. 

A estética vibrante da cultura pop dos animes/mangás, rpg e das referências ao Metal, principalmente da banda Avenged Sevenfold estão interligadas não só nos textos, mas na arte e no aspecto físico do livro.

Com criatividade e ousadia, Dylan Batista mostra que a literatura independente tem muito a oferecer - e Os Feiticeiros da Luz Sinistra é a prova disso: um livro que diverte, prende e impressiona. 


"O meu show não termina aqui, não vou perder para alguém que corteja a morte!"

quarta-feira, 23 de abril de 2025

Santo Guerreiro - Ventos do Norte

Santo Guerreiro - Ventos do Norte 

Ventos do Norte éo segundo livro da trilogia Santo Guerreiro, escrita por Eduardo Spohr em 2022.

O livro dá continuidade aos eventos de Roma Invicta de 2020 e coloca o protagonista, Georgios Graco, no centro de novas intrigas e desafios. Ele agora é tribuno e comandante militar romano que enfrenta dilemas morais ao ser forçado a escolher entre sua lealdade ao exército romano e suas crenças pessoais.

As descrições de lugares e cidades estão bem detalhadas e retratam o conflito brutal da época. Spohr consegue combinar uma narrativa focada na ação e mantêm toques de suspense e intrigas políticas. No decorrer da leitura, há momentos sombrios em que encaramos um Império Romano colapsado e ameaçado por intermináveis conspirações e guerras insanas.

Gostei bastante de vários personagens, mas os diálogos de Georgios e Constantino foram os que mais me chamaram atenção e de maneira positiva. Ambos são caracterizados pelo equilíbrio, a amizade e, mesmo em discordância em alguns momentos, trazem um teor complexo e humano na trama.

Outro destaque é a batalha de Georgius contra os francos na região da Germânia. Simplesmente brutal, proporcionando momentos épicos de bravura e dramáticidade.  

Enfim, Ventos do Norte ergue-se como uma excelente ficção histórica, guiando os leitores por batalhas memoráveis e reflexões profundas — um prato cheio para fãs de Iggulden e Cornwell.

segunda-feira, 14 de abril de 2025

The Long Vigil - A Deathwatch Anthology

The Long Vigil - A Deathwatch Anthology

Dando início as minhas primeiras leituras de Warhammer 40K, trago aqui a antologia Deathwatch: The Long Vigil. É uma coletânea de nove contos focada nos Deathwatch: a elite dos Adeptus Astarte ou Space Marines dedicados a caçar e eliminar ameaças alienígenas (xenos) que assolam a galáxia.

Eles são subordinados ao Ordo Xenos, divisão da Inquisição encarregada de lidar com alienígenas; e não hesitam em tomar decisões brutais pelo bem do Imperium. 

Para os leitores que não conhecem, Warhammer 40K é um universo distópico no 41º milênio, onde não existe paz, esperança ou redenção. Só guerra sem fim. A humanidade vive sob o domínio de um império autoritário e teocrático. O tom da lore é sombrio, trágico e exageradamente brutal; tudo é distorcido, irônico e propositalmente over.

Os contos apresentados são de vários autores renomados da Black Library, a divisão editorial da Games Workshop responsável pelas publicações de Warhammer e de suas expansões como a extensa série The Horus Heresy,  Age of Sigmar e Warhammer The Old World.

Cada história traz uma perspectiva única sobre os Deathwatch, seja explorando a brutalidade da guerra, a lealdade entre irmãos ou as missões suicidas em meio a um cosmos repleto de horrores e traições internas. Aqui estão os contos e seus respectivos autores:

1. "Messiah Complex" – Steve Parker

Um esquadrão da Deathwatch é enviado para eliminar um culto xenos em um planeta imperial. No entanto, eles descobrem que a influência alienígena é mais profunda do que esperavam. Este conto explora paranoia e traição, com um final bem sombrio.

2. "The Shadow of the Saints" – Ben Counter

Um Deathwatch da Kill-Team enfrenta um inimigo traiçoeiro em meio às ruínas de uma civilização destruída. O conto aborda a luta interna dos Marines para manter sua humanidade enquanto combatem horrores indescritíveis.

3. "The Crueltymaker’s Kingdom" – Marc Collins

Uma missão da Deathwatch os leva ao território de um senhor da guerra alienígena cruel. A história explora os limites da brutalidade que os Space Marines estão dispostos a cruzar para garantir a vitória.

4. "The Nihilus Edge" – Justin D. Hill

Situado no sombrio cenário da Cicatrix Maledictum, este conto segue um esquadrão da Deathwatch tentando sobreviver em uma região sem esperança. A história enfatiza a resiliência dos Marines diante de uma galáxia que se despedaça.

5. "Sorrowcrown" – Nicholas Wolf

Focado em um único Space Marine da Deathwatch, este conto mostra um guerreiro que carrega uma cicatriz profunda – tanto física quanto emocionalmente. Enquanto combate uma ameaça alienígena, ele precisa confrontar seu próprio passado.

6. "Awakened" – Sarah Cawkwell

Uma relíquia ancestral desperta uma força adormecida que ameaça todo um sistema estelar. Uma Deathwatch é chamada para intervir, mas eles logo percebem que a ameaça pode ser maior do que imaginavam.

7. "Brother to Dishonour" – David Guymer

Tensão entre os membros da Deathwatch aumenta quando uma antiga rivalidade entre dois Space Marines vem à tona. O conto explora lealdade, orgulho e o que significa servir a um objetivo maior.

8. "The Last Word" – Phil Kelly

Um Mariner veterano da Deathwatch reflete sobre sua longa carreira e as decisões difíceis que teve que tomar. O conto é mais introspectivo, focando no fardo da guerra constante.

9. "Entombed" – Andy Clark

Uma missão em uma nave espacial abandonada transforma-se em um pesadelo claustrofóbico quando algo começa a caçar os Space Marines. O conto captura o horror e a tensão de um inimigo desconhecido à espreita, bem ao estilo Alien, o 8º Passageiro.


Em resumo, Deathwatch: The Long Vigil é uma leitura interessante. O leitor irá conhecer e mergulhar no mundo grimdark de Warhammer 40k em uma antologia que cumpre bem seu papel dentro do gênero militar sci-fi, oferecendo ambientação densa e personagens marcantes.


"Irmandade. Dever. Sacrifício. A Vigília é longa — e nem todos despertam dela do mesmo jeito."


terça-feira, 1 de abril de 2025

A Faca e a Tempestade

A Faca e a Tempestade 

Na Cidadela Cascata, construída pelos Anões do Clã Gargalhada de Granito e refúgio de guildas de ladrões e outras raças fantásticas, tem na taverna Bico do Corvo o cenário perfeito para boas lutas épicas.


Essa é a vibe do conto A Faca e a Tempestade, escrito pelo booktuber - Marcus Simões, do @tocadoaventureiro e publicado em 2024.

Aqui temos uma narrativa rápida, com descrições breves, descontraída e fluida. Só há apenas ação e bom humor bem típico de um turno de Rpg. 

Mesmo em um conto curto, o autor conseguiu criar personagens carismáticos de personalidades diferentes e com abordagens típicas da literatura fantástica. 

A atmosfera mágica da taverna e suas características próprias ganham vida através dos momentos cômicos misturados a agilidade das lutas.

Então, confira A Faca e a Tempestade e divirta-se, pois em breve essa pequena aventura terá uma expansão e aí sim, veremos a idéia ganhar forma e magnitude. 

Um bom começo!

sexta-feira, 21 de março de 2025

Herdeiros do Abismo - Gênesis

Herdeiros do Abismo - Gênesis 

Publicado em 2024 pela Editora Palavra & Verso, a obra é ambientada no século XVI, em um inverno tempestuoso na antiga Hungria. A narrativa constrói um mundo pós-apocalíptico onde vampiros dominam a Terra, liderados por Khram, o Impiedoso.

Escrito pela autora Vanessa Musial, a trama não se limita à clássica batalha entre humanos e vampiros; ela dá uma ênfase mais aprofundada sobre fé, política e poder. Os aspectos históricos enriquecem o cenário, tornando o enredo mais tangível e imersivo, enquanto os personagens são desenvolvidos com profundidade, exibindo conflitos internos e externos.

Os personagens humanos destacam-se como um símbolo de resistência e esperança. Já os vampiros adicionam camadas de violência e principalmente a sede por sangue, luxúria e poder. 

A autora habilmente mistura elementos fantásticos, rituais, linhagens de sangue e religião, criando essa atmosfera lúgubre e grotesca. Sua escrita é bem construída deixando a história muito envolvente e imersiva. Há também trechos inquietantes, com reviravoltas inesperadas e um desfecho que deixa um gancho instigante para a continuação.

O meu destaque vai pela ótima qualidade gráfica. Tanto na versão física como na digital, a obra traz lindas ilustrações e simbologias tanto no interior do livro quanto na arte da capa ricamente ilustrada por Danielson Lima.

Em suma, Herdeiros do Abismo - Gênesis é uma grimdark fantasy imperdível. Mesmo que certos trechos possam ser chocantes, o livro oferece uma experiência rica em batalhas, resistência e terror. 

Recomendo demais e lembrando que a leitura é para maiores.


"E se houver, por certo, um significado maior em tudo aquilo? E se a criatura é mesmo parte dos planos divinos? Afinal, são sempre incertos os desígnios de Deus..."

quarta-feira, 12 de março de 2025

O Despertar do Paladino

O Despertar do Paladino 

Trago aqui a leitura de O Despertar do Paladino - do autor mineiro Sario Ferreira. É o primeiro livro da série Sagraerya e publicado de forma independente em 2016. 

A trama se desenrola no continente fictício de Ardoria, onde o reino de Zophar trava uma guerra implacável há sessenta anos contra os nativos conhecidos como o povo "Sombrio". O jovem general Sagrarius, um dos dez temidos líderes militares zopharianos, prepara-se para atacar a última fortaleza sombria, motivado por um desejo de justiça tanto para o reino quanto por razões pessoais. No entanto, uma revelação divina abala suas convicções, levando-o a questionar os verdadeiros ideais de Zophar e vai em uma jornada de redenção e honra.

Bom, o que me chamou a atenção nesta obra é que o autor constrói uma narrativa muito interessante e instigante. Sua escrita utiliza uma linha textual que prioriza diálogos ágeis e funcionais, o que torna a leitura acessível. Inclusive toda a ambientação medieval de Ardoria é descrita de forma vívida com suas sociedades, religiões e mitologias próprias. Isso criou no livro um equilíbrio perfeito entre ação, drama e worldbuilding.

Da mesma forma pode se dizer dos personagens marcantes como Yumura, Kirion, Sania e o protagonista Sagrarius. Eles possuem personalidades distintas e arcos de desenvolvimento sólidos que lidam com a redenção, fé, desafios e honra.

Também gostei da composição estrutural do livro. Na primeira parte temos a gênesis, as motivações e as desconfianças que envolvem o reino de Zophar. Na segunda parte (a minha favorita) traz as reviravoltas, a mitologia dos Deuses e os combates épicos. Além das diversas raças e criaturas fantásticas, toda a trama de Sagraerya lembra muito as mesas de Rpg, contudo é uma leitura de identidade forte e diferenciada.

A transformação de Sagrarius e sua busca por redenção proporcionam O Despertar do Paladino um livro instigante dentro da Fantasia old school. Mesmo que haja uma previsibilidade e estruturas clichês que a meu ver são normais dentro do estilo fantástico, a história é muito mais do que isso - é sobre os desafios de confrontar crenças enraizadas, fé verdadeira e a busca de um propósito maior.

sábado, 22 de fevereiro de 2025

Trigger: Mercenário Espacial

Trigger - Mercenário Espacial 

Trigger - Mercenário Espacial é o primeiro volume de uma série de ficção científica escrito por J. V. Santiago e publicada pela Editora Itaipuca em meados de 2019.

A história se apresenta num cenário em que a Terra recebe uma mensagem ameaçadora de um império alienígena:

"Submetam-se a nós ou serão anexados à força!"

Diante da tecnologia avançada dos invasores, a ONU quase cede à pressão. No entanto, surge uma figura enigmática oferecendo uma oportunidade de equilibrar a disputa e garantir a sobrevivência da humanidade. Trigger se identifica como um androide e afirma que irá lutar contra a armada Rukki pela Terra, mas por um preço. Será que ele realmente tem condições de enfrentar uma invasão tão vasta e poderosa? E o que há por trás dessa exigência?


Bom, o autor construiu uma ótima narrativa que combina elementos clássicos da ficção científica, como a existência de outros universos e tecnologia militar futurista. Seu texto flui naturalmente e é de fácil compreensão, mesmo dentro do gênero scifi.

A habilidade de misturar cenas de ação, suspense e momentos de introspecção dos personagens é, para mim, um dos pontos altos da obra. Embora a colocação possa parecer clichê dentro da ficção científica, a ameaça de invasão alienígena é explorada de maneira inteligente. Podemos notar influências marcantes de seriados japoneses como Jaspion e Changeman , mas com toques mais sombrios.

Os personagens como Zammer e Yukirion (os meus preferidos!) apresentam um bom desenvolvimento, com motivações claras e arcos interessantes que prendem a atenção do leitor. Além disso, os alienígenas (o império wRukki) são um show à parte, com uma grande diversidade de raças, culturas e comportamentos.

Para os leitores e fãs de ficção científica, Trigger - Mercenário Espacial é uma excelente escolha, pois o livro vai além das lutas e batalhas. Ele traz um panorama repleto de intrigas geopolíticas, interesses e sacrifícios. Além disso, apresenta ideias e expectativas que permanecem na mente do leitor mesmo após a última página.