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domingo, 27 de dezembro de 2020

O Único e Eterno Rei - O Livro de Merlin

O Livro de Merlin
Apresentando aqui O Livro de Merlin, quinto e último livro da saga O Único e Eterno Rei de T. H. White.O livro começa com Arthur sentado sozinho na sua tenda nos campos de Salisbury, esperando sua última batalha contra seu filho bastardo Mordred - na insolência final de suas esperanças e chorando suas lágrimas lentas da velhice.

Então aparece Merlin e o conduz a dias mais feliz quando visitava as formigas e os pássaros pela magia do seu eterno tutor. Mergulhado nessa paz que lhe dá de volta a inocência, Arthur se torna mais uma vez Wart e volta a conversar com os seus amigos animais. Depois de vários debates e conversas sobre o presente e futuro da humanidade, o Rei volta para o seu desfecho final.

Inicialmente, O Livro de Merlin fecha com maestria a saga com o seu principal apelo: o fim das guerras.
White deixou sua escrita bem mais direta (o anacronismo ainda está lá) em certos assuntos como a decadência do homem em relação aos "ismos" e a ganância destruidora da guerra. Merlin e seus animais destilam toda a sua revolta e indignação contra o caminho que a humanidade está tomando. Para eles, o ser humano não possui o direto de destruir ou aniquilar outros seres em nome do poder e da evolução. Já para Arthur a humanidade tem salvação sim, que há pessoas capazes de criar coisas boas e que a generalização não levará ninguém a nada.

Além dessas reflexões, a obra conclue de maneira satisfatória todos os personagens (Guenevere, Lancelot, Mordred e de toda a Távola Redonda) e mais uma vez Alan Lee dá uma show de arte medieval mostrando beleza e sutileza em seus traços.

Apesar da melancolia que o livro carrega, eu o recomendo (não só essa obra, mas a saga inteira) porquê ele nos dá esperança e por ser um apelo poderoso contra as guerras.





"Repleto de pungência e um poder maravilhoso... os entusiastas da obra comovente, profunda, engraçada e trágica de White não vão querer perder essa versão, pelo que representa como final verdadeiro e real de sua saga".


Los Angeles Times





domingo, 30 de agosto de 2020

A Chama ao Vento

A Chama ao Vento
Este quarto volume, continuação de O Cavaleiro Imperfeito, traz a vingança de Morgause e seus filhos - Mordred, especialmente - contra Arthur, Lancelot e Guenevere. O rei estabelece um sistema de justiça atraves da Inglaterra e Mordred o usa contra o proprio Arthur ao descobrir a traição de Guenevere ao flagrá-la com Lancelot. Nessa guerra desesperada de pai contra filho são apresentadas as idéias de Bem e Mal segunda a moral arturiana.



A trama toda é bem densa, trágica e quase maléfica, digna do principal protagonista desse volume: Mordred. Como todo vilão (ou não) ele dita as regras e impõe todo seu rancor e ódio contra Arthur e seus ideais. Cavaleiro da Távola Redonda, é filho bastardo do Rei Arthur e sua meia-irmã, a terrível Morgause. Foi abandonado pelo pai, com outros bebês, em um barco à deriva para ser destruído. Agora, cego pelo ódio, planeja vingar-se destruindo o que é mais caro ao Rei: sua esposa Guenevere e seu fiel amigo Lancelot. Talvez no fundo, ele não se importava em saber desse triângulo amoroso - o importante é a destruição de Camelot com alto teor de rancor e ódio, inveja e cobiça.

T. H. White continua dando uma aula de anacronismo nessa obra e dou destaque pela descrição quase melancólica sobre Mordred, digna das obras épicas e trágicas dos mitos gregos. A mistura de sentimentos como pena, indignação e até mesmo piedade, faz com que esse livro seja uma explosão de emoções que perpétua até o final do livro e só finalizará com o quinto e último volume da saga. A arte de Alan Lee ilustra magistralmente essa obra mostrando a áurea arturiana e o medievalismo de Camelot e seus cavaleiros.



"Acho que não aconteceria nada além de um rompimento. Arthur depende de Lancelot como seu comandante, e chefe de suas tropas. É daí que vem seu poder; já que todo mundo sabe que ninguém pode resistir à força bruta. Mas se pudéssemos arranjar um pequeno desentendimento entre Arthur e Lancelot, por causa da Rainha, o poder deles se dividiria. Então seria o tempo de fazer política. Então seria o tempo das pessoas descontentes e de toda a plebe. Então seria o momento da sua famosa vingança. - Poderíamos quebrá-los, pois estariam divididos, arquitetou Mordred."

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

A Rainha do Ar e das Sombras

A Rainha do Ar e das Sombras
Da saga O Único e Eterno Rei - Volume II, a história é direcionada para a bela e fútil Morgause, meia-irmã de Arthur, irmã de Morgana, filha do Conde da Cornualha e de Igraine, mãe de Arthur. Além de feiticeira e esposa do Rei Lot, é também mãe de quatro filhos: Gawaine, Agravaine, Gaheris e Gareth. Criados ao léu, sem noção do que é certo ou errado, os meninos tentam de tudo para agradar e chamar a atenção da mãe, às vezes de maneira cruel. 

Além deles, há outros personagens bem interessantes como São Toirdealbach, um santo caído, dado a bebida e tutor dos filhos de Morgause e Sir Palomides, um cavaleiro sarraceno que vive grandes aventuras (na maioria cômicas) com o Rei Pellinore junto com a Besta Gemente.


Já Arthur está em guerra com os gaélicos.O Rei se torna um grande combatente e estrategista, porém ingênuo em algumas situações. Também vemos como e porque a Távola Redonda foi criada. Merlin nos explica porque todas as guerras são injustas exceto uma, e nos faz descobrir qual é a única razão que justifica um reino se erguer contra um outro. Mas há um problema grave: com tantas idas e vindas no tempo, Merlin anda esquecido. Ele sabe que deveria dar a Arthur uma informação importantíssima, mas não se lembra o que é.


Bom, neste segundo volume, T. H. White nos brinda com uma história repleta de humor refinado e passagens medievais deslumbrantes. O anacronismo ainda continua presente com destaque nas ações de Arthur, Merlin e Morgause.O livro é bem curto (tem apenas 152 páginas) porém é intenso, divertido e nos deixa com aquela típica expectativa de que algo está por vir e que será mais empolgante e trágico ao mesmo tempo. O destaque maior ainda são as artes de Alan Lee que com seu magnífico traço, mostra todo o sentimento e beleza dos personagens e do cotidiano medieval.



"A rainha saiu silenciosamente da cama e foi até sua arca. Desde que o exército voltara, tinham lhe falado sobre Arthur - sobre sua força, charme, inocência e generosidade.  Seu esplendor ficara óbvio, mesmo através da inveja e suspeitas daqueles que ele havia derrotado. Também falaram de uma moça chamada Lionore, a filha do Duque de Sanam, com quem o jovem supostamente tinha um romance.  A Rainha abriu sua arca na escuridão e se aproximou do raio de luar que entrava pela janela, segurando alguma coisa em suas mãos."