No dia do casamento, porém, surge um outro pretendente.
Começa então uma guerra.
Como Tróia sitiada, Massaba resiste; como Tebas, torna-se presa do ódio.
O rei morre, mas não pode descansar em paz na cidade devastada.
Seu filho mais novo Suba, recebe a missão de percorrer todo o continente a fim de construir sete túmulos a imagem do que fora o venerado - e também execrável - rei Tsongor. Sete túmulos para enterrar as setes faces do inconsolável rei morto: Tsongor, o Glorioso, O que Edifica, O Destemido, O explorador, O Guerreiro, o Pai, o Assassino e, enfim, o homem que busca o descanso.
A força
evocada pelas cenas dos combates (é incrível a descrição das tropas e dos clãs que participam das batalhas), aliada a poesia da caminhada que muda o
destino de Suba, perpetua uma tradição oral extraída do imaginário coletivo para
questionar a origem.
Este livro, escrito pelo escritor francês Laurent Gaudé é um
grande romance épico que revela numa
linguagem envolvente todas as faces da bravura, a beleza exuberante dos heróis,
mas também a insidiosa manifestação da derrota em cada um deles. Pois todos de algum modo descobrem em si a infâmia
e a vergonha. Essa é a verdade
escondida, a que se impõe para além dos assomos do coração e das leis do clã. Talvez seja essa mesma a essência da tragédia.
Envolvente em sua trama e nos busca a pensar como o ser humana é vulnerável as adversidades mais simples da alma.
Recomendo.
"Tsongor virou-se. Olhou a filha. Tudo o que empreendera nos últimos meses fora para as bodas de Samília. O dia do casamento tornara-se sua obsessão como rei e pai. Tudo precisava estar pronto. Tinha de ser a mais bela festa já vista pelo império. Para isso empenhara-se incansavelmente. Sonhava dar a filha um esposo e, pela primeira vez, unir seu império a outro sem guerra, sem conquista. Pensara em cada detalhe da festa. passara noites em claro. Chegou afinal o dia, e um acontecimento imprevisto pôs todo em xeque."
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